Opinião | 08-07-2020 10:00

Nem sempre quem canta seus males espanta

Nem sempre quem canta seus males espanta
OPINIÃO

Emails do Outro Mundo

Vigoroso Manuel Serra d’Aire

Agradeço penhorado a informação de que o antigo presidente da Câmara de Torres Novas, António Rodrigues, lançou uma autobiografia. E logo com três (3) prefácios. É obra! Calculo que o estilo ande entre a ficção científica e o livro de aventuras, num estilo próximo de Júlio Verne. Estou em pulgas para devorar essa prosa e os relatos das aventuras do autor em Timor ou em Cabo Verde, ou de episódios dos tempos da sua governação autárquica que ficaram para a História, como o do luxuoso Hotel Chiva Som ou do Boquilobo Golf, que, tal como a Viagem ao Centro da Terra de Júlio Verne, nunca chegaram a ser realidade mas deram muito que escrever.

São momentos inesquecíveis e que marcaram a política torrejana no início deste século, tal como marcante foi a conturbada e longa remodelação do antigo Convento do Carmo, por exemplo. Estou em crer que Rodrigues não defraudará os seus fãs e contará tudo o que sabe sobre esses capítulos. Afinal de contas, ele sempre foi um livro aberto e homem de verbo fácil. Aliás, já tenho saudades dos autarcas de outros tempos, dos seus bigodes farfalhudos, da sua tonitruância vocal e do seu vernáculo desabrido, da forma bruta como tratavam a oposição e de que como esta os tratava a eles. Agora, a maior parte dos nossos autarcas são uns sonsos, aspirantes a Ghandis que não fazem mal a uma mosca nem fazem manchetes nos jornais.

Perguntas no teu último escrito se os famosos inclinómetros já foram colocados nas encostas da EN114 em Santarém, para avaliar a estabilidade das barreiras. Ouvi dizer que sim e que foi graças a esses aparelhómetros que a estrada reabriu após uma longa hibernação de quase seis anos. Mas estou como tu: nunca vi nenhum inclinómetro, não sei de que material são feitos nem conheço a sua anatomia. A analogia que fizeste com os gambozinos parece-me, por isso, perfeita. E como noutras coisas da vida, vamos acreditar que sim, que os inclinómetros existem e estão lá, embora não conheça quem tenha visto um exemplar dessa mitológica espécie.


A verdade é que a EN114 reabriu sem qualquer pompa e circunstância. A Infraestruturas de Portugal tinha obrigação de ter trazido um secretário de Estado ou um ministro para dar brilho ao acto e vender o seu peixe. E a Câmara de Santarém também nada fez. Se fosse no tempo do Moita Flores, teria havido arraial e foguetes no ar, porco no espeto e vinho a granel. Mas com a pandemia e com um presidente da Câmara de Santarém forreta que só pensa em abater dívida, nem se deu por tão solene e ambicionado momento. O autarca Ricardo Gonçalves que ponha os olhos na história do Império Romano e na sua estratégia política do pão e circo para manter o povo satisfeito. É que para o ano tem novas eleições autárquicas pela frente...


O coro do Santuário de Fátima foi atacado pela Covid e 24 dos seus elementos foram infectados. Nem Nossa Senhora lhes valeu. Ao contrário do que reza o adágio popular, nem sempre quem canta seus males espanta. E, já que estamos nesse campo, parece que é mais seguro ir a uma manifestação laica da Intersindical do que a uma cerimónia religiosa a Fátima. A coisa dá que pensar...
Saudações estivais do
Serafim das Neves

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