Opinião | 18-08-2020 12:30

O símbolo da paz é racista e andar aos tiros para o ar pode dar estrilho

O símbolo da paz é racista e andar aos tiros para o ar pode dar estrilho
OPINIÃO

Emails do Outro Mundo

Coriáceo Manuel Serra d’Aire

A PSP acabou com um torneio de tiro aos pratos num campo de tiro ilegal na zona de Mação e apreendeu uma série de espingardas e munições à rapaziada que se entretinha a mandar tiros para o ar. Longe vão os tempos em que quem se dedicava a actividades clandestinas o fazia sem estardalhaço, em locais recônditos, longe da vista e dos ouvidos das autoridades ou de possíveis denunciantes e na maior parte das vezes pela calada da noite. Agora é tudo à descarada, como dizia a minha avó quando via casalinhos no marmelanço em plena via pública. E depois admiram-se...


Para o caso ser ainda mais picaresco, é de realçar que um dos atiradores vai ser também alvo de um processo de contraordenação por apresentar uma taxa de álcool no sangue superior a 0,5 g/l. Só não percebi por que razão andou a PSP a fazer testes de alcoolemia aos atiradores, a não ser que tenha desconfiado desse em particular por não acertar uma. Pelo sim pelo não convinha que as acções de sensibilização do tipo “se conduzir não beba” passassem também a incluir a mensagem “se andar aos tiros não beba”, para evitar estas trapalhadas.


A Câmara de Santarém contratou dois falcões para tentar controlar a praga de pombos na cidade. Adivinha-se nos ares de Santarém uma réplica da célebre Batalha de Inglaterra, na 2ª Guerra Mundial, com as aves de rapina a tentarem dar cabo do canastro dos ratos alados, como também são conhecidos os pombos. Estou curioso para perceber qual a posição do PAN e dos activistas dos direitos dos animais sobre esta carnificina que se adivinha, mas acho que isto merecia uma cimeira entre as partes, mediada pelo PAN, para tentar uma solução pacífica para o conflito.


Ironicamente, o símbolo da paz é uma pomba branca. E isso fez despertar a minha costela de moralista politicamente correcto e observar que há aqui laivos de racismo passíveis de suscitar repulsa aos activistas (quando for grande quero ser activista!) que por aí andam a escaqueirar estátuas de gente ilustre ligada aos antigos impérios ultramarinos. Em nome do politicamente correcto, a pomba da paz devia ser substituída por uma pomba arco-íris, bissexual e vegan, para não apoquentar as almas mais sensíveis.


Entretanto soube-se que, afinal, os falcões que foram contratados pela Câmara de Santarém são búteos de harris, também conhecidos por águia de harris ou gavião asa de telha. O erro na designação trata-se de um crime lesa-pátria que mancha involuntariamente o bom-nome da falcoaria nacional e seus acérrimos defensores. A correcção foi feita por um entendido na matéria que não gostou de ler neste jornal que andavam falcões pelos ares da capital de distrito quando se tratava, pelos vistos, de um produto marca branca. Ou seja, a câmara pode ter contratado gato por lebre, o que pode afectar a qualidade do serviço, já que uma coisa é um pombo ter pela frente um falcão, outra é enfrentar um búteo, um glúteo ou lá como é que se chama o raio da ave que tem quase tantos heterónimos como o Fernando Pessoa...
Saudações calorosas do
Serafim das Neves

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