Opinião | 15-02-2021 10:24

Portugal, a cidade sul-americana da UE

Portugal continua na pré-história do futebol, replicando os modelos sul-americanos e africanos, onde acaba tudo à batatada, quem perde insulta e ameaça toda a gente, a corrupção é um modo de vida, quem tem poder faz o que quer e lhe apetece ( : ) Portugal está na UE, mas o povo é, hoje em dia, mais africano do que os angolanos e mais sul-americano do que os brasileiros. No futebol e na política.

Os grandes clubes europeus têm horror a arruaceiros. É precisamente por esta razão que Jorge Jesus nunca treinará um grande clube europeu e Sérgio Conceição cola que nem uma luva no FC Porto. E é também por esta razão que a liga inglesa é a maior liga de futebol do mundo e a terceira liga mundial, a seguir às ligas norte-americanas de Super Bowl e de Basebol.

A liga inglesa é uma liga de sucesso, porque copiou o modelo das ligas americanas de Super Bowl, Basebol, Basquetebol e Hóquei no gelo, que constituem com a liga de futebol inglesa, as 5 maiores ligas do mundo.

O segredo do sucesso da liga inglesa reside em três vectores essenciais para a valorização do produto:

(a) a competividade (daí a centralização dos direitos televisivos e uma distribuição muito equitativa das receitas televisivas para permitir que os clubes com menos recursos possam ter boas equipas, assim como a limitação do número de jogadores inscritos por equipa para evitar o açambarcamento de jogadores pelos grandes clubes);

(b) a transparência, o rigor e o fair play (daí a preocupação com a criação de órgãos disciplinares, jurisdicionais e de arbitragem independentes e transparentes, assim como a intransigência com o anti-jogo, designadamente simulação de faltas, excesso de faltas ou atrasos na reposição da bola em jogo);

(c) a igualdade de tratamento (todos os clubes são tratados de forma igual, não há jornais desportivos e não são permitidos programas com comentadores-adeptos).

Neste momento, todas as grandes ligas europeias têm inveja da liga inglesa. E a Superliga Europeia não é mais do que a tentativa dos grandes clubes europeus criarem uma liga com o mesmo sucesso da liga inglesa.

A liga espanhola, a segunda liga europeia, está a fazer um grande esforço para aumentar a competitividade dos seus clubes nivelando cada vez a distribuição dos direitos televisivos. Actualmente o Barça, que é o que mais recebe, recebe apenas duas vezes e meia a mais do que o último. Por sua vez, a Holanda, a Bélgica e a Escócia estão a trabalhar para criar uma única liga: a liga do Centro da Europa.

Enquanto se assistem a estes movimentos nas ligas europeias, Portugal continua na pré-história do futebol, replicando os modelos sul-americanos e africanos, onde acaba tudo à batatada, quem perde insulta e ameaça toda a gente, a corrupção é um modo de vida, quem tem poder faz o que quer e lhe apetece e açambarca tudo: receitas, jogadores, adeptos, dirigentes, governantes, políticos, comentadores, juízes, árbitros e jornalistas.

Isto chegou a tal ponto de degradação moral e desportiva que o Benfica dá os seus jogos em exclusivo no seu canal de tv, o que não é permitido sequer na América Latina, nem em África, nem na Ásia. Mas aqui quem tem poder faz o que quer... E se comentarem isto com um benfiquista, ele responde-lhe logo com a mesma boçalidade dos adeptos sul-americanos: “Não é permitido em mais país nenhum do mundo? Isso só prova que somos os maiores do mundo.”

E depois, tal como os africanos e sul-americanos, têm de se reduzir à sua insignificância e puxar do seu paroquial patriotismo para torcer pelos jogadores do seu país que jogam nos grandes clubes europeus: os brasileiros torcem pelo Neymar, os argentinos por Messi, os egípcios por Salah, os senegaleses por Mane e o portuguesinho por Ronaldo, como antigamente, quando o Benfica era um grande clube europeu, os moçambicanos torciam por Eusébio.

Portugal está na UE, mas o povo é, hoje em dia, mais africano do que os angolanos e mais sul-americano do que os brasileiros. No futebol e na política.

Santana-Maia Leonardo

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