Opinião | 05-05-2021 12:30

O vacineiro das dúzias e a corrida aos bilhetes para a procissão

O vacineiro das dúzias e a corrida aos bilhetes para a procissão
OPINIÃO: EMAILS DO OUTRO MUNDO

Combativo Serafim das Neves

As eleições autárquicas são daqui a meio ano e os candidatos a presidentes de câmara já começaram a surgir. Gente que, diga-se o que se disser, se quer sacrificar pelo bem comum. Que não se importa de abandonar família, amigos, emprego, para ir tratar de passeios, estradas, escolas e jardins, a troco de um ordenado bem pior do que aquele que está a receber na sua profissão, seja ela qual for, e de insultos a esmo nas redes sociais.

E não falo disto por falar. Informei-me e fiquei abismado. Vê lá tu que, na maior parte das nossas câmaras municipais, um presidente, contando com ordenado, despesas de representação e subsídio de refeição, não chega a ganhar quatro mil e quinhentos euros. Uma miséria!!!

E é preciso que o município tenha mais de dez mil eleitores, porque se tiver menos, não chega a ganhar três mil, e novecentos euros. E os pobres vereadores a tempo inteiro, que se desunham a ouvir os protestos do povo e a dizer que sim ao chefe, mesmo quando o chefe diz barbaridades, ficam-se por oitenta por cento daquilo.

Presidentes de câmara na área de abrangência do jornal são vinte e três. Vereadores a tempo inteiro devem ser uns oitenta. E quase que aposto que todos eles estavam a ganhar bem mais nas suas profissões, antes de serem eleitos. Quem diz que não há quem se sacrifique pelo bem comum devia pôr ali os olhinhos.

Após o alarido inicial das irregularidades na vacinação Covid voltou a tranquilidade nacional. Das centenas de queixas só 272 foram investigadas e dessas apenas resultaram 41 processos de inquérito que, se forem seguidos os habituais procedimentos, irão dar em nada porque em questões como estas, a triagem é muito eficaz. Tão eficaz que, se fosse aplicada às urgências hospitalares, deixaria de haver urgências hospitalares.

Os que se meteram à frente para levar a picadinha Pfizer no bracinho mereceram bem passar sem castigo e ter-se livrado de serem vacinados com a famosa Astrazeneka, a vacina dos pobres e dos coágulos. Tiveram iniciativa e assumiram riscos e por isso deviam ser apontados como exemplos. Não me admirava que viessem a ser condecorados no 10 de Junho.

Por falar em vacinações à vara larga, li agora que o administrador do Centro Hospitalar do Médio Tejo, Carlos Andrade e Costa, que em Dezembro salvou várias doses da vacina Covid-19 de irem para o lixo ao ordenar a sua aplicação em secretárias da administração, administradores e quem mais estava por ali à mão, vai passar a administrar o Hospital Vila Franca de Xira. Será uma forma de reconhecimento por aquele pragmático acto de gestão?

Nunca fui à procissão do 25 de Abril na Avenida da Liberdade, em Lisboa, e não é por não gostar do padre. Acontece que todos os anos, nessa data, tenho encontro à mesa com a família, para uma vitoriosa feijoada revolucionária, bem regada com um tinto da região porque as datas importantes devem ser celebradas com mesa farta e ementa a condizer com os feitos que as motivaram.

Sei que este ano havia poucas vagas e que nem todos os paroquianos conseguiram bilhete mas não vale a pena desesperar. Aquilo é como falhar o adeus à Virgem no Santuário de Fátima, para o ano há mais. Em Lisboa com cravos vermelhos e em Fátima com cravos brancos.

Saudações processionáveis

Manuel Serra d’Aire

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