Opinião | 09-05-2021 15:00

A Corte do Xerife de NOTTINGHAM

Desde o tempo do Robin dos Bosques que não se assiste, por parte de um Estado do mundo civilizado, a um tão grande esmifrar de quem vive do trabalho ( : ) Se vivêssemos num país a sério, já há muito que tinha sido decretada a inabilitação do Estado português para reger o dinheiro dos nossos impostos, devido à sua habitual prodigalidade.

A Assembleia da República, se tivesse um pingo de vergonha, poupava-nos às audições dos grandes devedores do Novo Banco. Que, há mais de 40 anos, o povo português está sob o jugo do Xerife de Nottingham e da sua corte de vampiros, já todos sabíamos. O que nós não sabíamos é que os vampiros, que vinham em bandos com pés de veludo chupar o sangue fresco da manada, fossem incapazes sequer de balbuciar, em sua defesa, duas palavras com sentido.

O dinheiro dos nossos impostos, directos e indirectos, ao longo de 40 anos, tem sido destinado a sustentar a corte de vampiros do Xerife de Nottingham e a garantir a eleição dos seus lacaios, através das esmolas com que compram os votos da chusma de pobres e miseráveis que delas dependem. Sem esquecer, como resulta das audições, que o dinheiro que nos é roubado todos os dias nunca fica em Portugal.

Agora de uma coisa tenho a certeza: se o carpinteiro, o electricista, o mecânico, o barbeiro ou o pedreiro fugirem aos impostos, não vão depositar o dinheiro em nenhuma off shore, mas vão gastá-lo no café da esquina, no supermercado ou noutra loja qualquer, dinamizando a economia, fazendo girar o dinheiro e produzindo riqueza. Como dizia Milton Friedman, «Nunca te pese na consciência prejudicar o Estado, porque o dinheiro é sempre melhor utilizado por ti do que por ele.» E, em Portugal, isto é mais do que verdade. Se vivêssemos num país a sério, já há muito que tinha sido decretada a inabilitação do Estado português para reger o dinheiro dos nossos impostos, devido à sua habitual prodigalidade.

Mas não é já só a forma pouco escrupulosa como o Xerife de Nottingham esbanja o nosso dinheiro que me revolta, mas sobretudo a forma ardilosa que inventa para sacar dinheiro à classe média e à gente humilde que vive do seu trabalho.

Hoje os juízes e os polícias estão transformados em autênticos cobradores de impostos. Após a última reforma dos Códigos de Processo Penal e das Custas Judiciais, os tribunais servem quase só para cobrar impostos sob a forma de multas aos desgraçados que têm o azar de lá cair, sejam vítimas, arguidos ou partes. Hoje, em Portugal, poucos são os comportamentos que não são crime e poucos são os crimes cuja pena não é multa. Aliás, a criminalização de certas condutas serve apenas para obrigar o arguido, por mais pobre que seja, a abrir os cordões à bolsa.

Mas a vítima também não se fica a rir. Passa para cá a taxa de justiça criminal e as custas pelo decaimento. Só há uma coisa que o arguido não é obrigado a pagar: a indemnização à vítima. Daí o Xerife de Nottingham lava as mãos. Quer lá saber se o arguido paga ou não paga a indemnização…. O problema é da vítima, não é dele. Desde que o arguido pague a multa em que é condenado….

Relativamente às forças de segurança, a história é a mesma. Toca mas é de facturar contra-ordenações e deixem lá os outros criminosos em paz que só dão despesa. E nas operações stop, preocupem-se em autuar aqueles que obedecem às ordens, porque nestes é que o lucro está garantido. E toca também de ir às lojas, cafés e restaurantes verificar se as leis que são alteradas todos os dias estão a ser religiosamente cumpridas. Olhem com atenção, porque é impossível que um povo de analfabetos consiga cumprir as leis que nem aqueles que as fazem são capazes de perceber e cumprir.

É absolutamente escandalosa a forma como o Xerife de Nottingham assalta literalmente os pequenos comerciantes, sobrecarregando-os com coimas e multas por infracções absolutamente ridículas e absurdas.

Desde o tempo do Robin dos Bosques que não se assiste, por parte de um Estado do mundo civilizado, a um tão grande esmifrar de quem vive do trabalho. E ai de quem se queixa! É logo mais um pretexto para mais um processo-crime e mais uma multazinha para os cofres do Xerife de Nottingham. O circo está bem montado. Até porque, na defesa do bom-nome dos vampiros, o Xerife de Nottingham é implacável.

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