Opinião | 16-09-2021 10:00

Vêm aí as eleições autárquicas e tudo pode acontecer

Ferro Rodrigues e Marcelo Rebelo de Sousa, dois dos mais velhos protagonistas da nossa santa vida política, vieram a público manifestar solidariedade com os autarcas (...) Depois desta corajosa tomada de posição destes dois “jovens”, o que é que têm a dizer os velhinhos das juventudes partidárias que se sentam nas cadeiras do poder?

Pela primeira vez depois do 25 de Abril, depois do fenómeno PRD, de Hermínio Martinho e Pedro Canavarro, para citar dois escalabitanos que tiveram grande importância no partido, podemos ter umas eleições autárquicas que virem do avesso todo o espectro partidário. Não tenho desejos pessoais nem acho que aquilo que nós pensamos ou escrevemos pode influenciar umas eleições. De uma coisa estou certo; estas eleições vão baralhar a cabeça de muita gente se o PSD cair do cavalo abaixo e o PS e a CDU não mantiverem o seu eleitorado. Deixo de fora o Bloco de Esquerda que sempre foi um partido envergonhado nas eleições de proximidade e que, durante muitos e muitos anos, só teve como bandeira nacional uma senhora de Salvaterra de Magos, que desertou da CDU, e cujo nome esqueci completamente; eu e milhares de eleitores, incluídos os dos BE.


O facto de vivermos em pandemia durante tanto tempo tem os seus custos. Ninguém aguenta o ambiente de loucura que se vive em certas áreas da vida nacional. Toda a gente fala das mortes por Covid mas ninguém fala das mortes das pessoas com cancro que ficam meses e meses sem médico de família. Conheço algumas, e sei que são tão ingénuas e tão singulares que não sabem queixar-se; para elas Deus é grande e é Ele que as há-de ajudar. António Costa e Rui Rio sabem que o problema não é com Deus mas com a falta de médicos e de enfermeiros no SNS. Mas tanto um como outro vivem há meio século do mesmo que viveu Salazar e Marcelo Caetano: da renúncia natural do povo aos seus direitos quando, à sua volta, impera a mentira e uma administração pública falida, corrupta e incapaz de se reformar.

É imoral o que se passa na saúde pública depois de nos termos safo do pior da pandemia; os doentes com cancro e outras doenças graves parecem filhos de um Deus menor. Os candidatos às eleições autárquicas na Chamusca, Ourém, Carregado, Azambuja, entre muitos outros concelhos, deviam exigir ao governo políticas que permitam a formação de mais médicos e enfermeiros, e não o boicote da classe à criação de mais escolas de medicina e a entrada de mais alunos nos cursos. Não sei se alguns autarcas sabem do que estou a falar mas era bom que soubessem.


Ferro Rodrigues e Marcelo Rebelo de Sousa, dois dos mais velhos protagonistas da nossa santa vida política, vieram a público manifestar solidariedade com os autarcas que estão a ser prejudicados pela existência de uma lei eleitoral que os proíbe de fazerem campanha eleitoral ao mesmo nível dos políticos da oposição. Os deputados da Assembleia da República, muitos deles também autarcas ou ex-autarcas, conhecem de ginjeira este problema das leis eleitorais. E o que é que fazem aos longo das legislaturas? Tratam da sua vidinha e abafam diariamente os peidinhos nas almofadas das cadeiras do Parlamento para libertarem os gases provocados pelo stress de não terem nada para fazer. Depois desta corajosa tomada de posição destes dois “jovens” da nossa política, o que é que têm a dizer os velhinhos das juventudes partidárias que se sentam nas cadeiras do poder? JAE.

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