Opinião | 17-02-2022 06:59

BRISA e GNR ainda não pediram desculpa aos condutores da A1

JAE

A BRISA e a GNR ainda não pediram desculpa pelo fracasso da mega operação na A1 entre Torres Novas e Santarém. E há razões mais do que suficientes para termos a empresa e a autoridade a reconhecer que falharam no preço das portagens e no exercício da autoridade.

A notícia mais vista e comentada desta semana em O MIRANTE foi a mega operação da GNR na estação de serviço entre Torres Novas e Santarém, a um domingo ao fim do dia, quando toda a gente regressava à grande Lisboa. A fila de 10 quilómetros e os transtornos causados a milhares de pessoas que foram apanhadas numa espécie de emboscada, embora tenham pago a portagem numa auto-estrada que pode custar trinta euros para quem faz uma viagem do Porto a Lisboa. Há muitos testemunhos no site de O MIRANTE que comprovam que muita gente esteve mais de três horas parada na auto-estrada, alguns condutores com crianças dentro do carro, o que só por si é uma falta de respeito pelo bem-estar e pela confiança que os cidadãos têm nas forças policiais.
Minutos antes da operação começar foi divulgada em directo uma entrevista com o comandante operacional que deu como principal justificação o excesso de acidentes neste troço da auto-estrada e a necessidade de corrigir o problema. De verdade, o que resultou da operação foi um verdadeiro embuste, a que as televisões e os seus jornalistas fizeram vista grossa, depois do favor do exclusivo que lhes foi concedido pelos militares. Este é o país que temos; tudo o que não se passa entre a Segunda Circular, em Lisboa, a Ponte 25 de Abril e os caminhos de alcatrão para as cidades da Linha de Sintra não conta como notícia, mesmo que os cidadãos tenham que engolir a maior das injustiças. Volto ao assunto, a exemplo do que escrevi na última semana, porque a GNR tinha o dever de justificar os excessos e pedir desculpa pelo fracasso da operação e pelos inconvenientes causados. Nenhuma autoridade pode ficar indiferente àquilo que foram as reacções à notícia de O MIRANTE nomeadamente nas redes sociais. Assim ficávamos com a certeza que nada disto se voltaria a repetir. E até a Brisa, que cobrou as portagens, tinha obrigação de pedir desculpa e justificar-se também mostrando-se solidária com os seus utentes. Infelizmente ainda somos um país de brandos costumes; quem tem o poder exerce-o sem ser escrutinado; e quem devia protestar é esmagado sem apelo nem agravo porque alguma comunicação social ainda é suficientemente controlada pelos poderes públicos para não abrirem brechas na confiança mútua.

Não há dúvida que Portugal está a ficar mais perto de deixar de ser um país do terceiro mundo ao nível da justiça e da saúde. O controlo da pandemia é uma vitória de António Costa e a guerra entre magistrados, que está a pôr a nu os graves problemas da classe e das suas associações, pode ser um bom sinal para que alguém tenha vergonha e nunca mais volte a descurar os interesses do país em favor dos seus interesses mesquinhos como se Portugal fosse território venezuelano ou colombiano.

Uma das situações que mais me surpreende no ser humano é ficar rabugento e intolerável quanto mais vai ficando velho. Vemos isso no trânsito, nos serviços públicos, na maioria dos casos em que a paciência devia ser a maior das virtudes. A maioria de nós confunde a chegada do fim da sua vida com o fim da civilização. O Homem deve ser assim desde que inventou a roda, e depois o fogo, mas nestes tempos de internet e de viagens ao espaço já nada o justifica. É verdade que os bárbaros nunca vão desaparecer mas sejamos razoáveis; já são poucos os exemplos em que se puxa de uma arma para defender uma ideia; e só combatendo as excepções é que podemos justificar que merecemos os supermercados cheios de comida, os rendimentos sociais e uma pandemia que parecia trazer o fim do mundo e parece controlada ao fim de dois anos.
Viva a ciência e a democracia que, embora tenha muitos defeitos, é o regime mais próximo daquilo que o Homem persegue em todo o Mundo mas só uma parte é que goza desse privilégio. JAE.

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