Opinião | 02-12-2022 10:00

Marcelo, o Africano

Gabamo-nos de ser o primeiro país a acabar com a escravatura… no papel. Mas, no ano da Graça de 2022, os nossos governantes continuam a permitir o trabalho escravo nas estufas do Alentejo e onde for preciso. Como dizia Frei Tomás, “uma coisa é dizer sermões, outra coisa é vender trigo.”

Quando ouvimos o discurso dos nossos governantes e do Presidente da República e olhamos para o seu comportamento, vem-nos, de imediato, à memória a pregação de Frei Tomás, “olha para o que ele diz, não olhes para o que ele faz”. Todas as grandes proclamações sobre os direitos do Homem, o Estado de Direito e a escravatura são para inglês ver e para se darem ares de europeus.

Gabamo-nos de ser o primeiro país a acabar com a escravatura… no papel. Mas, no ano da Graça de 2022, os nossos governantes continuam a permitir o trabalho escravo nas estufas do Alentejo e onde for preciso. Como dizia Frei Tomás, “uma coisa é dizer sermões, outra coisa é vender trigo.

E a verdade é que os nossos governantes e o Presidente da República representam bem o povo que os elegeu, porque não só não vejo a indignação geral que o caso justificava como, inclusive, vejo demasiada gente indiferente ou conivente com a situação.

Torna-se cada vez mais evidente que Portugal é um país manifestamente africano na União Europeia em que os nossos governantes dizem o que for preciso para agradar à nomenclatura da União Europeia com o único propósito de garantir os fundos comunitários.

Não é, pois, de estranhar que os nossos governantes e o Presidente da República também usem o futebol para se promoverem, interna e externamente, como faria qualquer líder africano. Aliás, a forma como os portugueses vivem o futebol é tipicamente africana. Os portugueses não gostam de futebol. Gostam que a sua equipa ganhe. E enquanto os europeus vivem o futebol como uma rivalidade entre clubes, os portugueses vivem o futebol como qualquer adepto africano, torcendo pelo caudilho da sua tribo onde quer que ele jogue e fazendo apelo a um patriotismo e a um nacionalismo saloio, para justificar o apoio à sua equipa, como se a Pátria fosse a jogo numa competição entre clubes.

Santana-Maia Leonardo

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