Opinião | 08-12-2022 07:00

As notícias não são boas

A CAP diz que a ministra da Agricultura é uma personagem literária, as cidades continuam em boa parte entregues aos técnicos, o aeroporto de Lisboa tem tudo a favor para ficar no Montijo e aumentar para o dobro a dimensão do crime que pesa sobre os lisboetas. Crónica de uma semana em que as notícias não são boas.

Nas últimas semanas insisti com um velho conhecido para trocarmos meia hora de conversa numa das cidades onde trabalho. Como não tenho motivações para andar por aí, como dantes, procuro na tertúlia saber o estado da cidade província. Está tudo na mesma como a lesma e a doença agrava-se. Falta uma política de estacionamento para o centro da cidade a partir das 19 horas que é quando os moradores precisam de estacionar o carro. Com a actual balbúrdia as casas do centro histórico não se vendem e vão continuar em ruínas; por sua vez o comércio também não se aguenta porque os habitantes são cada vez menos, até um dia acabarem e só ficarem os espaços de trabalho. A conclusão é que os políticos continuam a mandar pouco e a entregar o poder aos técnicos; as associações já trabalham pouco uma vez que também não têm público nas suas iniciativas, as casas estão a cair mas as rendas são inacessíveis, tudo, tudo uma pescadinha de rabo na boca que nos deixa estupefactos e com vontade de olhar para o lado e dizer, como o empresário rico, dono de uma grande empresa de Torres Novas, que há 30 anos já dizia para quem o queria ouvir, que o melhor da região é a auto-estrada para Lisboa.

A verdade é que Lisboa também já viveu melhores dias. O actual presidente da câmara, Carlos Moedas, parece um pardal da rua esfomeado, com um discurso de humorista. A sua posição envergonhada sobre o futuro aeroporto é o último sinal da sua menoridade enquanto defensor dos interesses dos cidadãos de Lisboa. Por enquanto, o homem tem as costas mais largas que o Aeroporto Humberto Delgado, mas a verdade é que não se espera nada de novo da sua governação, melhor ou pelo menos igual ao que Medina deixou de herança.

Novidade novidade só as críticas da CAP à ministra da Agricultura que o seu presidente, Eduardo Oliveira e Sousa, diz ser uma mulher de outro mundo, de tal modo que quando se fala com ela, na resposta “parece que estamos a sonhar” (entrevista desta última segunda-feira ao Jornal de Negócios). É assim que a define sua excelência o Bispo dos agricultores, que em vez de falar para o Cardeal António Costa faz da ministra Maria do Céu Antunes uma personagem literária. A braços com uma vergonhosa imagem do sector, que trata a mão-de-obra estrangeira no Alentejo como se vivêssemos no tempo da escravatura, a CAP não tem propostas concretas nem peito para ir à luta. Infelizmente é só mais uma das organizações que perdeu a capacidade de lutar pela intervenção do Estado em questões urgentes para que Portugal se modernize, e deixemos de ser o país dos autarcas que compram pavilhões fantasmas e pagam à cabeça. O que se passa com as políticas da habitação, saúde, ensino e utilização dos fundos comunitários deveria ser motivo para grupos de cidadãos levarem o Governo à barra do tribunal. Mas isso seria pedir aos portugueses que se unissem e não delegassem os seus direitos nos organismos de classe que vivem do sistema, e com a mesma facilidade que os ratos entram numa casa abandonada, também se entrincheiraram na toca e fazem pela vida comendo as migalhas, só as migalhas, embora acabadas de sair do forno. JAE.

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