Fazer greve no Natal mesmo sem fazer nada no resto do ano e usar cuecas novas na passagem de ano
Verrinário Serafim das Neves
Verrinário Serafim das Neves
Tem atenção às previsões astrológicas para o teu signo, porque ele já não é aquele que te dizem que é. Os astros já não se alinham como há dois mil anos, quando foi elaborado o mapa do zodíaco que ainda é usado pelos astrólogos das revistas e sites de astrologia e por isso está tudo muito baralhado. Os Carneiros podem já ser Leões, os Peixes, Aquários, os Touros já serão Virgens e os Balanças, Escorpiões.
O amor pode estar em baixa, apesar das previsões apontarem para alta; a saúde pode estar excelente, apesar das perspectivas serem de dores musculares e a indicação de uma boa semana para mudança de trabalho, pode valer-te uma ida ao centro de emprego ainda antes do fim do mês, ou mesmo a uma inscrição na lista dos apoiados pela Cáritas.
Mas nem tudo é catastrófico. Mesmo com os astros desalinhados, as previsões astrológicas continuam ser mais certeiras que as dos políticos, dos economistas e dos generais reformados que comentam a guerra na Ucrânia.
E se o IPMA raramente falha nas previsões meteorológicas, não é preciso ser grande meteorologista para adivinhar as chuvas de greves nesta altura do ano, principalmente nos serviços e nos transportes públicos.
É uma tradição que já bateu a do bacalhau com couves na consoada. Mesmo quem não faz nada durante o ano, não perde a oportunidade de fazer greve, porque sem uma greve, o Natal não é Natal e o Ano Novo é triste e desolador.
Basta olhar para o ar de felicidade dos sindicalistas quando anunciam que paralisaram não sei quantos hospitais, repartições e comboios, para perceber que o nascimento de Jesus ou a chegada do Pai Natal, não são nada comparados com uma bela de uma paralisação.
Na Itália o governo vai autorizar a caça ao javali nas cidades. Por aqui também há javalis à procura de comida, em zonas urbanas, seja em Abrantes, Alcanena ou Castanheira do Ribatejo, mas em vez de chumbo, os moradores dão-lhes maçãs e até os adoptam, baptizam e os levam à missa, como aconteceu em Dornes, Ferreira do Zêzere, com o ‘quiducho’, digamos assim, javali Riscas, adoptado por uma família de Paio Mendes, que foi abençoado no dia de Santo António, pelo padre Manuel Vaz Patto.
Somos defensores dos animais e não discriminamos. Alimentamos cães, gatos, pulgas, cobras de água ou javalis com a mesma boa vontade, e até já foi defendida a criação de um Serviço Nacional de Saúde para os animais, que só não deve ter avançado para não os fazer sofrer horas e horas nas urgências ou meses e meses nas listas de espera para consultas ou cirurgias.
Segui as recomendações de quem sabe da poda, e na passagem do ano usei umas cuecas novas, a estrear. Posso não me ter sentido mais alegre mas estava mais fresco. Fiquei em casa e posso dizer-te que nas televisões portuguesas havia opções divertidas e animadas para todos os gostos. Um programa com candidatos a cozinheiros; um com encarcerados em trajes menores numa animada promiscuidade e outro com entrevistas a pessoas que estavam a assistir a concertos que as televisões não transmitiam, por exemplo. Acho que havia outro com directos de um crime de esfaqueamento mas distraí-me já não apanhei o banho de espumante... sanguinolento!!
Saudações desbragadas
Manuel Serra d’Aire