O PS e o seu anexo PS-D
O que caracteriza uma verdadeira democracia não é ter diversos partidos, mas partidos que exprimam diversidade e apresentem soluções diferentes para os mesmos problemas. Ora, em Portugal, existe apenas um único partido: o PS e o seu anexo PS-D.
Qualquer observador não pode deixar de constatar que Portugal não é uma verdadeira democracia. O que caracteriza uma verdadeira democracia não é ter diversos partidos, mas partidos que exprimam diversidade e apresentem soluções diferentes para os mesmos problemas. Ora, em Portugal, existe apenas um único partido: o PS e o seu anexo PS-D.
Até a forma como ambos, sem um pingo de vergonha, invocam o superior interesse nacional antes de se lançarem no saque e na pilhagem dos bolsos exauridos dos contribuintes portugueses é absolutamente idêntica. O palco do Santo Padre que o diga. Ou melhor, os palcos.
Todos sabemos que o dinheiro é um bem escasso e, em tempo de crise, é necessário fazer escolhas sobre os cortes na despesa. Aquilo que se esperava do maior partido da oposição é que apresentasse um plano de reformas estruturais, designadamente, da Administração Pública (extinguindo e deslocalizando serviços e criando novas centralidades), das autarquias locais (extinguindo autarquias, dando dimensão aos municípios e equilibrando o território), da Educação (extinguindo disciplinas, criando um novo conceito de turma, acabando com as reprovações no ensino obrigatório e aumentando o grau de exigência na avaliação de alunos e professores), da Justiça (reorganizando os tribunais, agilizando e simplificando os recursos, os processos e os procedimentos, adequando a máquina da justiça ao mundo vertiginoso do século XXI), com vista, inclusive, a racionalizar os serviços e a libertar recursos.
No entanto, a estratégia do PS-D é igualzinha à do PS, quando está na oposição. Por um lado, critica o PS por cortar nas pensões, em tempos de crise, tal como fez o PSD quando esteve no Governo no tempo da troika; e, por outro, defende mais subsídios e apoios sociais, ou seja, mais despesa pública e mais dinheiro que é precisamente aquilo que não há.
Em Portugal, não vale a pena haver eleições, porque, seja qual for o resultado, nada de substancial muda, nem na forma de governar, nem na forma de fazer oposição. Sendo certo que isto corresponde precisamente à vontade da maioria do povo português que gosta muito de criticar nas mesas do café e nas redes sociais, mas, na hora da verdade, escolhe sempre quem lhe garanta que tudo continua na mesma.
No entanto, era importante alguém esclarecer Santos Silva, presidente da Assembleia da República que não é defendendo a normalização da corrupção e dos políticos corruptos, como ele teve o descaramento de fazer recentemente, que se combate a extrema-direita. Pelo contrário, esse é o caminho que conduz inevitavelmente ao triunfo dos extremismos. O Brasil, “esse imenso Portugal”, que o diga…
Santana-Maia Leonardo