Opinião | 16-02-2023 07:00

O Cavaleiro Andante, o Chico Matias, o capataz da Chamusca e a Tove Ditlevson

A Chamusca tem um presidente de câmara que vai ficar na história por ser um político desinteressado da política, um gestor que é capaz de fazer a folha a um calceteiro, mas tem trabalhadores há anos sem tarefas atribuídas. Paulo Queimado e a sua companheira Cláudia Moreira estão para o futuro do concelho da Chamusca como os eucaliptos para a sobrevivência da biodiversidade.

No último sábado li a correr 390 páginas de um livro de uma autora dinamarquesa com o sentimento de que tenho as leituras em atraso. Todo o dia imaginei a escritora a comer pão com manteiga de tanto o referir na sua autobiografia romanceada. À noite, antes de dormir, tive que comer duas vezes pão com manteiga, não a lembrar-me da escritora mas dos tempos da infância quando barrava o pão com manteiga como se fosse queijo creme. Peguei na memória deste dia, passado com os olhos pendurados num livro, para recuperar um texto sobre Francisco Matias, que morreu recentemente e teve uma vida curta para mal dele e infelicidade dos seus quatro filhos e esposa. Tal como já escrevemos na notícia do seu falecimento, Francisco Matias está ligado aos primeiros anos de vida deste jornal; é dele o boneco que ilustra ainda hoje as páginas do Cavaleiro Andante. Nos primeiros anos de vida do jornal alguns como ele ajudaram a dar dimensão ao projecto colaborando de muitas formas, inclusive dobrando e etiquetando jornais. De verdade ninguém faz nada sozinho por isso é que muitos de nós se agarram com unhas e dentes a algumas conquistas sabendo que nada cai do céu e que o que é importante nunca nos é dado e arregaçado.


Tenho um caderno de apontamentos que é uma memória de assuntos que me podem servir para estas crónicas ou para contar noutros textos biográficos. Já que falo da Chamusca e da política, recupero um desses assuntos que tem mais de uma dezena de anos. O actual presidente da Câmara da Chamusca, quando andava em campanha eleitoral, desabafou com uma pessoa deste jornal, de quem era amigo, que se não ganhasse as eleições tinha que emigrar porque a vida profissional estava um caos. Não disse, mas é fácil concluir, que a vida financeira/empresarial não deveria estar melhor. Ganhou as eleições e não precisou de emigrar. Já lá vão 10 anos e Paulo Queimado ainda não devolveu ao povo da Chamusca o que a maioria fez por ele. O capataz da Chamusca livrou-se de boa, mas nesta década de exercício do Poder não aprendeu nada com o que lhe aconteceu na vida profissional. Um dia que saia da gestão da câmara só deixa memória da organização de festas. A grande maioria do seu trabalho à secretaria é para assinar ajustes directos e satisfazer a clientela do partido e os amigos que lhe guardam as costas.
A Chamusca tem um presidente de câmara que se preocupa diariamente mais com o vinco das calças do que com a falta de médicos, a falta de emprego, a desertificação do concelho e todos os males que resultam dessa miséria que afecta o interior do país. A Chamusca tem um presidente de câmara que vai ficar na história por ser um político desinteressado da política, um político que é capaz de fazer a folha a um calceteiro, mas tem trabalhadores há anos sem tarefas atribuídas, que passam os dias com as mãos nos bolsos. Só não vê quem não quer. Só não denuncia quem não tem jeitinho para fazer política. Paulo Queimado e a sua companheira Cláudia Moreira estão para o futuro do concelho da Chamusca como os eucaliptos para a sobrevivência da biodiversidade.


Já apaguei da memória “Biblioteca da Alma”, tal como escreveu Tove Ditlevsen no livro que acabei de ler, este pequeno apontamento que um dia tinha que desaguar numa crónica. Acho que daqui a três anos, quando houver eleições na Chamusca, o PS vai voltar a ganhar e Cláudia Moreira vai para o lugar do seu querido companheiro com quem divide o Poder na Chamusca. Que sejam muito felizes e, já agora, que aproveitem para apanhar grandes bebedeiras, com ou sem álcool. JAE.

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