Opinião | 22-02-2023 18:00

Defender o interesse da maioria

Da operação da GNR na A1 em Santarém resultaram 65 autos de infracções rodoviárias e uma situação desumana para alguns condutores que estiveram mais de 3 horas retidos numa fila que chegou aos 10 km

À Margem - Opinião

Quem anda na estrada não pode ficar insensível a uma operação stop que o faz perder um voo de avião, uma reunião de trabalho ou até uma consulta médica urgente. A operação stop, que deu origem a esta queixa na ERC sobre o trabalho editorial de O MIRANTE, é motivo de orgulho para quem trabalha neste jornal. O espectáculo mediático que foi montado antes desta operação, e o resultado que gerou, deveria ter originado um pedido de desculpas público do Comando Nacional da GNR. A Guarda não pode nem deve tratar a generalidade dos cidadãos como passarinhos que se apanham na rede. Esta decisão da ERC só peca por tardia. Não sabemos nem queremos saber quem fez queixa do trabalho de O MIRANTE. Estamos cá para continuar a dar pau e costas em favor das pessoas que não têm quem as defenda de eventuais abusos de poder das autoridades.
Direcção Editorial.

Reportagem da operação da GNR que causou o caos na A1 foi isenta e cumpriu dever de informar

Entidade Reguladora para a Comunicação Social analisou a reportagem de O MIRANTE sobre a operação da GNR na Auto-Estrada nº1, em que milhares de pessoas ficaram retidas em filas de trânsito que chegaram a ter 10 quilómetros, e concluiu que o jornal não foi sensacionalista. A ERC sublinhou ainda que foi cumprido o dever de auscultação das partes e que não ficou prejudicado o rigor informativo.

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) considerou que O MIRANTE não prejudicou a imagem da GNR na reportagem com o título “Milhares de pessoas retidas na A1 para a GNR passar 65 multas”. A peça jornalística publicada em Fevereiro do ano passado, que foi uma das mais vistas no site do jornal, não padeceu de falta de rigor informativo. Numa queixa apesentada à ERC considerava-se que o artigo era sensacionalista e tendencioso e que dava a entender que a GNR anda à calça da multa para proveito próprio, o que não foi entendido pelo regulador.
Mesmo em relação à utilização do termo “factura”, referindo-se às multas emitidas, a ERC entende que a expressão “não prejudica a exposição isenta e rigorosa dos factos, nem contribui para uma exposição sensacionalista dos mesmos, tão-somente realça o resultado da fiscalização da GNR relatada na peça”. A ERC destaca ainda que na reportagem consta a posição da GNR “face aos incómodos causados no trânsito”. O que, sublinha, cumpre deste modo o dever de auscultação das partes atendíveis. O regulador apenas diz que as fontes das críticas à operação nas redes sociais podiam ter sido melhor identificadas.
Recorde-se que a GNR, no dia 6 de Fevereiro de 2022, um domingo, cortou a auto-estrada nº 1 (Lisboa-Porto) na área de serviço de Santarém para uma acção de fiscalização. A operação acabou por causar o caos, com 10 quilómetros de filas e muitas críticas de pessoas que estiveram horas retidas, algumas com filhos pequenos. Um aparato que resultou em 65 autos de infracções rodoviárias. A acção tinha começado às 20h00 e devia decorrer até às 24h00, mas foi cancelada duas horas depois. Mesmo assim, a fila de trânsito só acabou ao fim de quatro horas, perto da meia-noite.
O comando-geral da Guarda foi questionado por O MIRANTE sobre se os resultados justificavam os incómodos causados tendo reconhecido que estas operações de grande dimensão “acabam por causar constrangimentos aos condutores”, dizendo que por isso “não são realizadas com muita regularidade”. E justificava que a intenção deste tipo de acções é “sensibilizar os utentes deste tipo de via para a existência de fiscalização nas mesmas e assim, no final, contribuir para estradas mais seguras e com menos acidentes rodoviários”.
Dias depois da reportagem, O MIRANTE desenvolveu o assunto e publicou um segundo artigo no qual dava conta que a operação tinha sido delineada em Lisboa, nas altas esferas do comando-geral. E evidenciado que são os operacionais que estão nos destacamentos, como o de Santarém, que por terem mais experiência no terreno na zona, têm um maior conhecimento das condições do terreno e dos movimentos do trânsito.

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