Quadras soltas do Serafim para dar um enterro condigno ao Entrudo
Intrépido Manuel Serra d’Aire
Intrépido Manuel Serra d’Aire
Vivemos mais uma quadra carnavalesca, este ano com disfarces a sério e não com as máscaras da Covid-19 que já só parecem um sonho mau que aconteceu noutra vida; ou uma coisa de filmes de ficção científica do género do Blade Runner. Para celebrar o fim da macacada, aqui ficam umas singelas quadras em homenagem ao Entrudo chocalheiro e também às escorreitas e bamboleantes donzelas que deram o corpo ao manifesto para regalo da populaça mais lúbrica e vivaça que já tinha saudades de farejar a folia carnavalesca.
Com o Carnaval chegado ao fim
enterram-se o Bacalhau, o Entrudo e o Galo
e o maganão do Serafim
também cá está para enterrá-lo
Foram alguns dias de folia
que fizeram acordar um morto
segue-se a novela do Coutinho e do Ricardo
na disputa pelo aeroporto
Neste louco mundo de ilusões
repleto de colossais desafios
de tanto quererem ver os aviões
ainda acabam a ver navios
Há uma dúvida existencial
que me esmaga o coração
porquê tanto segredo
com as contas da Ascensão?
Perante tanta teimosia
do presidente da Chamusca
não admira que passem a designar a vila
por terra branca e câmara fusca
Os autarcas da Lezíria reclamam
que a saúde está bera
até para reclamarem com o ministro
têm que ir para a lista de espera
Nas hortas urbanas do Forte da Casa
a terra ainda não foi estreada
mas nas barraquinhas de apoio
já se faz boa marmelada
No Entroncamento o povo queixa-se
que faz falta um bom capataz
porque o presidente Jorge Faria
fica-se pelo Faria mas não faz
Pode ser só falta de jeito
mas eu acho que é gramatical
é no que dá ter um autarca
com apelido no condicional
Na Póvoa de Santa Iria
há um fenómeno do outro mundo
não é todos os dias que vemos
um mouchão a ir ao fundo
A nossa ministra da Agricultura
tem um grande handicap
é raro o dia sem ter de ouvir
as queixinhas dos patrões da CAP
A ribatejana Maria do Céu Antunes
já deve ter saudades da vida de antes
quando não tinha que aturar Miras e Sousas
no quartel-general de Abrantes
Ainda assim há que tirar o chapéu
à resiliente ribatejana
é que alguns colegas deste Governo
não se aguentaram uma semana
Para as bandas de Alcanena
a vida corre como de costume
e a população lá vai gramando
o habitual cheiro a estrume
Para o Manuel Serra d’Aire
cujas crónicas são um regalo
que nunca lhe falte a vontade
para continuar a enterrar o galo
E para terminar em grande
porque o Entrudo está acabado
afiem bem a língua e o lápis
e vão enterrá-lo bem enterrado
Saudações carnavalescas do
Serafim das Neves