Opinião | 10-03-2023 07:00

Uma democracia africana

Há uma expressão, que ouvi a um popular para justificar o seu voto nos socialistas, apesar de reconhecer todos os defeitos da governação de José Sócrates, que define bem a forma como os portugueses encaram qualquer eleição: “ Eu sou incapaz de pôr os cornos ao meu partido ”. Há povos assim! Por mais que batam com os cornos na parede, nunca aprendem.

Numa das primeiras consultas democráticas de que há memória, Pôncio Pilatos pediu ao povo para escolher entre um ladrão (Barrabás) e um homem justo (Jesus Cristo). E quem é que o povo escolheu?

A democracia portuguesa tem também sido reveladora desta estranha atracção do voto popular pelas pessoas menos escrupulosas. O ladrão é sempre mais sedutor do que o homem justo e recolhe, quase sempre, mais votos.

Isto não é suficiente, obviamente, para pormos em causa a democracia até porque, como dizia Churchill, ainda não se descobriu melhor: « A democracia é o pior sistema político, exceptuando todos os outros ». Além disso, se, entre um ladrão e um homem justo, o povo elege o ladrão, também não se pode depois queixar de ser governado por ele.

Se bem que, se houvesse eleições na gruta do Ali Babá e dos 40 ladrões, seria praticamente impossível não ganhar um ladrão. E, neste momento, em Portugal, por aquilo que por aí se vê e ouve a relação entre o homem justo e os ladrões deve ser idêntica à da gruta do Ali Babá. Ou seja, por cada homem justo há quarenta ladrões.

Como dizia Bernard Shaw, na melhor definição de democracia que conheço, «a democracia é um mecanismo que garante que nunca seremos governados melhor do que aquilo que merecemos. » E Portugal, com as suas raízes africanas, ainda dificulta mais a eleição dos mais competentes e mais capazes.

Um português vota sempre nos seus, seja bom ou mau, não percebendo sequer que, se os europeus seguissem o mesmo critério, os portugueses nunca seriam eleitos para qualquer cargo, nem conseguiriam vencer o Festival da Canção ou o concurso de melhor desportista do que quer que seja.

Há uma expressão, que ouvi a um popular para justificar o seu voto nos socialistas, apesar de reconhecer todos os defeitos da governação de José Sócrates, que define bem a forma como os portugueses encaram qualquer eleição: “ Eu sou incapaz de pôr os cornos ao meu partido ”. Há povos assim! Por mais que batam com os cornos na parede, nunca aprendem…

Santana-Maia Leonardo

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