Opinião | 05-04-2023 21:00

Era só o que faltava

Era só o que faltava
Urgências do Hospital: Falta de comida nas urgências deixou idosos a suplicar por pão

À Margem - Opinião

Erros acontecem e quem nunca os cometeu que atire a primeira pedra. Mas custa cada vez mais acreditar nas notícias e relatos que nos vão chegando que dão conta do estado a que chegou o Hospital de VFX e o Serviço Nacional de Saúde, cada vez mais tísico nas finanças e sem gestores capazes de estar à altura das responsabilidades. Estar doente e com dores num hospital, debilitado, sem uma sopa quente e a lutar por um pacote de bolachas não é normal num país evoluído. E se isto não faz certos políticos saltar da cadeira e agir então é mesmo porque estamos cada vez mais entregues à nossa sorte.

Filipe Matias

Doentes passaram fome no Hospital de Vila Franca de Xira

Na última semana houve gente a passar fome enquanto estava no serviço de observação das urgências do Hospital de Vila Franca de Xira. A maioria idosos, alguns a chorar e a pedir pão. Hospital admite falha num dia mas nega que situação seja recorrente.

Na quinta-feira, 16 de Março, o Hospital de Vila Franca de Xira deixou dezenas de utentes com fome no serviço de urgência. Uma situação relatada à imprensa por uma utente que traça um cenário terceiro-mundista numa unidade hospitalar que no passado já foi considerada uma das melhores do país e que hoje tem gestão pública liderada por Carlos Andrade Costa.
Uma mulher, de 65 anos, sofreu uma queda em casa e deu entrada nas urgências do hospital onde diz ter ficado durante dois dias a bolachas e chá e sem uma única refeição quente. Se no primeiro dia não pôde comer por se encontrar a realizar exames, já no segundo dia não se conteve e queixou-se de não haver uma sopa que fosse, para mitigar a fome e a fraqueza. Havia, segundo o relato, idosos a chorar com fome e como as bolachas que eram distribuídas não chegavam para todos havia quem pedisse “bocadinhos de pão” que permitissem matar a fome que sentiam.
A directora do serviço de urgência do hospital, Ana Pidal, confirmou à TVI que houve um lapso de sistema no período de almoço daquele dia e que por isso alguns utentes - não todos - ficaram efectivamente sem almoçar. “De facto nesse dia ao almoço, sem sabermos porquê, houve um lapso, um erro, alguma coisa. Não sabemos porque aconteceu. Não é um erro que aconteça, praticamente nunca”, notou a responsável.
Para tentar resolver o problema o hospital antecipou o lanche que habitualmente é dado às 18h00 e que estava em stock. “Os doentes comem em função dos critérios que têm para a sua alimentação. Todos os que estejam no serviço de observação das urgências mais de 16h00 comem”, explicou Ana Pidal.
Apesar da situação ter acontecido apenas no serviço de urgência há quem garanta que na última semana também faltou comida aos doentes internados, algo que o hospital desmente categoricamente ao nosso jornal dizendo ser “completamente falsa” tal informação. Diariamente, segundo o hospital, são servidas mais de mil refeições aos utentes daquela unidade de saúde, incluindo quem está internado, em observação e em ambulatório.

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