Opinião | 05-04-2023 18:00

Plantar chaparros no Dia da Árvore para transformar o país num montado e a arte de fazer greve e trabalhar ao mesmo tempo

Emails do outro mundo

Ínclito Serafim das Neves

Ínclito Serafim das Neves
No dia 21 de Março, Dia da Árvore, a febre de plantar árvores voltou a atacar em força e chusmas de crianças, professores, políticos, ambientalistas e activistas andaram por todo o lado nessa bela actividade, de enxadas e regadores nas unhas. Assisto ao ritual há décadas e fico sempre a pensar nesta maravilhosa ideia de transformar o país numa imensa floresta.
E se ainda não se vê nenhuma árvore digna desse nome nas áridas cidades, vilas, aldeias e recreios e de escolas, isso tem uma explicação lógica. Como só são plantadas árvores daquelas mesmo boas, que crescem devagarinho para crescerem como deve ser, como sobreiros, castanheiros, carvalhos e outras que tais, só as veremos daqui a uns cem anos.
Para tudo na vida é preciso tempo...e paciência porque, como se dizia antigamente, mas já não se deve dizer agora, embora eu o diga: “As cadelas apressadas parem cachorros cegos”, signifique isso o que significar.
As redes sociais andaram durante semanas a espalhar uma foto que alguém disse tratar-se do esqueleto de um homem de sete metros de altura, gerando milhares de visualizações, mesmo depois de se saber que era uma foto de um esqueleto de uma preguiça pré-histórica que está num museu da Colômbia.
A expressão “não deixes que a verdade te estrague uma boa história”, que tantas vezes se ouvia nas redacções dos jornais, saltou para a internet com grande êxito, o que prova que as tradições, desde que boas, são imarcescíveis.
É como a ideia mil vezes divulgada que o dinheiro dos nossos impostos é muito melhor gasto pelos autarcas, do que pelo poder central. Não tem grande sucesso nas redes sociais, mas é viral entre os nossos políticos das aldeias, de tantas vezes ser repetida nas convenções autárquicas, de todos os partidos políticos.
É verdade que há excepções, mas quem poderá negar tamanho sucesso de gestão, perante tantas rotundas, ciclovias, almoços da terceira idade e festas de meio milhão de euros com tasquinhas, quermesse e tudo?
E por falar em boa gestão, não me posso esquecer do novo presidente da associação empresarial Nersant, Domingos Chambel. Ciente de que, o que nasce torto tarde ou nunca endireita, e tendo sérias dúvidas sobre a forma como nasceu aquela organização, optou, a seguir à sua eleição, por não arriscar, e tem feito um trabalho notável de demolição. Não vai ficar pedra sobre pedra, digo eu. Quem diz que há falta de mão-de-obra na construção civil ponha ali os olhinhos!!
Os nossos sindicalistas têm vindo a revelar uma imensa criatividade na organização de greves da função pública que são, aliás, as únicas que existem. Agora na greve dos funcionários judiciais conseguiram ter todos os trabalhadores a fazer greve e a trabalharem ao mesmo tempo, ao indicarem que estavam todos a assegurar serviços mínimos, o que não origina perda de remuneração.
A velha história de apenas Deus ter o dom de ubiquidade, ou seja, a capacidade de estar em mais de um lugar ao mesmo tempo, já era. Para além de Deus, há também os funcionários judiciais.
Saudações demolidoras
Manuel Serra d’Aire

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