Opinião | 14-04-2023 08:53

O Ano do Porco

Neste momento, já não basta ser cego, surdo e mudo para não reconhecer o estado de podridão das instituições portuguesas. É necessário também não ter olfacto, porque o cheiro é nauseabundo.

O último ano tem sido absolutamente devastador para aqueles que fingiam não saber aquilo que todos sabíamos. Não é, por isso, de estranhar que o mentiroso do ministro das Infraestruturas tivesse tantos apoiantes no PS e no país. Jurar que não sabe aquilo que sabe de ginjeira é uma característica tipicamente portuguesa. Neste momento, já não basta ser cego, surdo e mudo para não reconhecer o estado de podridão das instituições portuguesas. É necessário também não ter olfacto, porque o cheiro é nauseabundo.

Quais são as três maiores instituições portuguesas? O Benfica, a Igreja Católica e o PS, por esta ordem, tendo em conta o número de fiéis. Ora, este último ano, teve o condão de expor o lixo que estava escondido debaixo do tapete destas instituições. A inquirição parlamentar de Luís Filipe Vieira já foi suficientemente esclarecedora para perceber que a presença do primeiro-ministro e do actual ministro das Finanças na sua comissão de honra indiciava claramente que era tudo farinha do mesmo saco. O que, aliás, o inquérito parlamentar à TAP e a composição do Governo só vieram confirmar.

Por sua vez, a condenação de Paulo Gonçalves, por corrupção, o processo do saco azul e os subornos do empresário César Boaventura também serviram apenas para confirmar aquilo que todos sabíamos sobre o presidente Luís Filipe Vieira e os seus ilustres amigos. Quanto à Igreja Católica, também não é necessário fazer nenhum desenho para perceber a total falta de pudor como reagiu ao relatório dos abusos sexuais.

É claro que tudo isto teve um princípio. E a este propósito, vou-vos contar uma interessante história da preparação dos jovens para a vida de Jack Griffin, publicada na revista Dirigir (n.º69) que é cada vez mais actual:

«Aos seis anos de idade, Johnny ia de carro com o pai quando este foi apanhado em excesso de velocidade. O pai meteu uma nota de vinte dólares dentro da carta de condução que entregou ao polícia. "Não há problema miúdo", disse o pai. "Toda a gente faz o mesmo".

Quando tinha oito anos, assistiu a uma reunião familiar em que se estudava o modo mais eficaz de aldrabar a declaração de IRS. "Não há problema miúdo", disse o tio. "Toda a gente faz o mesmo".

Quando tinha nove anos, a mãe levou-o ao teatro. O empregado da bilheteira dizia que já não havia bilhetes, mas a mãe com mais cinco dólares resolveu a situação. "Não há problema miúdo", disse a mãe. "Toda a gente faz o mesmo".

Aos doze anos, partiu os óculos quando ia para a escola. A tia convenceu a companhia de seguros de que eles foram roubados e receberam 75 dólares. "Não há problema miúdo", disse a tia. "Toda a gente faz o mesmo".

Aos quinze anos, jogava futebol na equipa do liceu, o treinador ensinou-o a pressionar o adversário, agarrando-o pela camisola sem que ninguém visse. "Não há problema miúdo", disse o treinador. "Toda a gente faz o mesmo".

Aos dezasseis anos foi trabalhar durante o Verão num supermercado. Foi avisado pelo gerente de que tinha que pôr os morangos demasiado maduros no fundo das caixas e os melhores em cima, bem à vista. "Não há problema miúdo", disse o gerente. "Toda a gente faz o mesmo".

Aos dezanove anos foi abordado por um aluno mais adiantado que lhe ofereceu as respostas a um exame por cinquenta dólares. "Não há problema miúdo", disse-lhe o jovem colega. "Toda a gente faz o mesmo".

Johnny foi apanhado e expulso. "Como pudeste fazer uma coisa destas a mim e à tua mãe e à família?" Gritou o pai. "Cá em casa não te ensinamos essas coisas.

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