Opinião | 26-04-2023 21:00

O inestimável contributo dos ‘queixinhas’ para o financiamento das IPSS e a panóplia de opções para o novo aeroporto

Emails do outro mundo

Camarigueiro Manuel Serra d’Aire

Camarigueiro Manuel Serra d’Aire

Apreciei a tua ironia sobre a possibilidade de a tua varanda poder vir a engrossar a lista de possíveis localizações do novo aeroporto, que era para ser de Lisboa mas que hoje, tal como o Natal, será onde o homem quiser, lendo-se por homem o primeiro-ministro e o Governo que decidirem sobre isso. As putativas localizações já vão de Beja até Monte Real, do Baixo Alentejo até à Beira Litoral, com opções que se estendem por cerca de metade da área de Portugal continental. Felizmente somos um país pequeno, senão faço ideia no que poderia ter acontecido e até onde iria a nossa imaginação. Aliás, tenho para mim que só os propalados custos da insularidade impediram de se alargar o leque de hipóteses aos arquipélagos dos Açores, da Madeira e das Berlengas…
O partido Chega conseguiu uma proeza nos tribunais ao ver condenado o antigo presidente da Câmara do Cartaxo, o socialista Pedro Magalhães Ribeiro, a uma pena de multa de três mil euros e ainda a ter de pagar uma indemnização de 1.200 euros ao partido do beatífico André Ventura por ter proferido uma frase em que aludia aos “neonazis do Chega”. A indemnização vai reverter a favor de uma instituição do concelho, o que denota que a missão do Chega tem sempre uma forte componente social acoplada, mesmo quando se trata de comezinhas querelas político-judiciais.
O termo “neo-nazis do Chega” é, sem dúvida, traumatizante e ofensivo. E muita sorte teve o ex-autarca do Cartaxo por não ser também processado por algum acérrimo entusiasta dos ideais de Adolf Hitler, por ter sido indelicadamente associado ao partido de André Ventura. Por outro lado, se a moda das queixinhas pega e se esta decisão judicial fizer doutrina não vai faltar trabalho aos tribunais nem financiamento para as instituições. Porque política sem traulitada verbal é como pão sem presunto, hóquei em patins sem balizas ou comentários futebolísticos sem André Ventura – e, nem de propósito, já bem bastou, para desconsolo universal, termos perdido esse excelso, exímio e ponderado comentador da bola para o campo da política…
Renovado Manel, 24 anos é realmente muito tempo, são muitos dias e muitas horas a respirar e a pagar impostos. Quando começámos com esta brincadeira dos emails o novo aeroporto de Lisboa era para ser construído na Ota; o IC 3 e o IP6 eram os nomes de auto-estradas sem portagens que iriam atravessar toda a região; o TGV era como se já cá estivesse; a Barquinha ia acolher um mega parque temático; Abrantes iria ter uma nova ponte sobre o Tejo e a Chamusca outra; o António Guterres era primeiro-ministro; tínhamos um governador civil e a Escola Prática de Cavalaria em Santarém e grandes planos para a revitalização do Tejo. Enfim, éramos tão felizes e não sabíamos…
Um abraço abrilino do
Serafim das Neves

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