Opinião | 07-05-2023 15:00

Novo aeroporto deverá ser obra faraónica, custar milhões e demorar uma eternidade

Novo aeroporto deverá ser obra faraónica, custar milhões e demorar uma eternidade
Alcochete volta a estar posicionado para ser a alternativa ao Aeroporto da Portela

À Margem/Opinião

No dia do anúncio dos projectos que vão ser analisados para que o Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, possa ser substituído, ou ter um aeroporto complementar, foi claro e evidente que tudo se conjuga para que a escolha recaia num local do lado da margem sul do Rio Tejo, a cerca de 20 quilómetros de Lisboa. Os estudos apresentados durante a sessão realizada no LNEC são evidentes e mostram que os estudiosos escolhidos para a Comissão Técnica sabem tudo sobre economia, estratégia, finanças, direito, etc etc, etc, mas aparentemente desconhecem que existe mais país para além de Lisboa; uma das ideias mais defendidas foi a de um único aeroporto para rentabilizar o negócio; mas ninguém respondeu à pergunta sagrada que é preciso ter em conta sobre como é que se fecha um aeroporto em Lisboa, ou com que justificações se entrega o actual Aeroporto Humberto Delgado aos donos dos jactos privados.
Dizem os estudiosos que o novo aeroporto terá que ser atractivo, moderno, tal como o de Madrid, que é o único de referência na Península Ibérica; não poderá ficar muito longe de Lisboa porque cerca de 75% dos portugueses que utilizam o aeroporto moram na capital, 15% vêm de Setúbal, cerca de 5% de Vila Franca de Xira e logo a seguir com margem de cerca de 3% Leiria e Santarém. Há ainda um dado significativo sobre a importância de Lisboa na rentabilidade de um aeroporto; cerca de 20% das exportações portuguesas dependem da aviação, e Lisboa contribui com cerca de 1500 empresas, enquanto Vila Franca de Xira e Oeiras juntas somam cerca de 500. Os outros concelhos têm números que nem merecem referência no estudo. Estes dados justificam os números apresentados na maioria dos estudos que situam o novo aeroporto perto de Lisboa, nunca a mais de 22 km da capital para estar em sintonia com os restantes países da Europa. Para quem ouviu os estudiosos com atenção, tudo bate certo para que Portugal a muito breve prazo seja o país onde se vai construir um novo projecto faraónico, que vai custar biliões, que vai ter um tempo de construção que não está ainda no calendário. Depois do anúncio frustrado do novo aeroporto no Montijo, feito pelo ex-ministro Pedro Nuno Santos, que António Costa desfez no dia seguinte, nada leva a crer, depois de ouvirmos alguns dos estudiosos liderados por Maria do Rosário Partidário, que o que vem aí não vai ser uma solução à José Sócrates ou à Cavaco Silva; cada um à sua maneira são responsáveis por vivermos num país adiado e aparentemente atrasado meio século em relação aos países mais desenvolvidos da Europa .

Santarém e Benavente entre as nove opções candidatas ao novo aeroporto de Lisboa

Está fechada a lista de onde vai sair a localização do novo aeroporto. Santarém e Benavente continuam a figurar entre as hipóteses. O Ribatejo está representado em quatro das nove soluções em estudo. A comissão técnica que está a estudar a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa anunciou, no dia 27 de Abril, nove opções possíveis para o novo aeroporto. A coordenadora-geral da Comissão Técnica Independente, Rosário Partidário, explicou que às cinco opções anteriormente avançadas pelo Governo - Portela+Montijo; Montijo+Portela; Campo de Tiro de Alcochete (Benavente); Portela+Santarém; Santarém - foram adicionadas mais quatro opções: Portela+Campo de Tiro de Alcochete (Benavente); Pegões; Portela+Pegões; e Rio Frio+Poceirão, totalizando sete localizações e nove opções estratégicas.

“Aeroporto em Santarém é a mais favorável para o contribuinte”
“Os promotores do Magellan 500 congratulam-se com a decisão da Comissão Técnica Independente de acolher para análise final o projecto de construção de um aeroporto internacional na região de Santarém, no âmbito do aumento da capacidade aeroportuária da região de Lisboa”, lê-se em comunicado. Segundo os promotores, o projecto Magellan 500, “desenvolvido por promotores privados, entre os quais o Grupo Barraqueiro e o grupo de fundadores liderado por Carlos Brazão, foi desenhado com a colaboração de parceiros nacionais e internacionais de referência, ao longo de três anos, e assenta num conceito de sustentabilidade ambiental e flexibilidade no topo das suas prioridades”.
Este projecto “prevê a construção de um aeroporto de raiz, a norte de Santarém, concebido por fases e escalável, aproveitando as acessibilidades rodo-ferroviárias já existentes (A1 e Linha do Norte), a apenas 30 minutos da capital”, garantindo que “promove a coesão territorial”, servindo “uma população a rondar os seis milhões, e permite reforçar o actual ‘hub’ aeronáutico de Lisboa”.
Os promotores recordaram que “a resolução do Conselho de Ministros nº 89/2022, de 29 de Setembro, incluiu o Magellan 500, um projecto de iniciativa privada promovido fora da actual concessão, em duas das cinco opções para Avaliação Ambiental Estratégica, a realizar pela Comissão Técnica Independente”.
Realçam ainda que “a Câmara Municipal de Santarém, desde a primeira hora apoiou a iniciativa e aprovou um acordo de colaboração e parceria com a Magellan 500 para disponibilização de informação e ajudas técnicas com vista a assegurar a realização das acções necessárias e adequadas ao estudo, projecção, criação e implementação do aeroporto e respectivas infra-estruturas de apoio”, contando ainda com o apoio de vários outros municípios da região ribatejana e não só.

Benavente não aceita pressões políticas sobre a comissão técnica
O Campo de Tiro de Alcochete, localizado no concelho de Benavente, aparece bem referenciado como localização para o novo aeroporto. A Comissão Técnica Independente (CTI) responsável pela Avaliação Ambiental Estratégica está a analisar nove opções para o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa, que abrangem sete localizações diferentes, incluindo Santarém. Em declarações a O MIRANTE, o presidente do município de Benavente, Carlos Coutinho, diz que “não aceita pressões políticas ou económicas sobre a comissão técnica” que “está a fazer o seu trabalho para escolher a melhor opção para o país”.
O autarca lamenta que tenham sido sucessivamente adiadas as decisões sobre esta matéria numa altura de maior pressão para o país, tendo em conta que o Aeroporto Humberto Delgado já não tem capacidade de oferta para a procura que tem.
Recorde-se que o campo de tiro da Força Aérea, habitualmente designado por Campo de Tiro de Alcochete, passou a ser opção para localizar o novo aeroporto em 2007. O Laboratório Nacional de Engenharia Civil elaborou um estudo comparativo entre a OTA e Alcochete, pelo então ministro das Obras Públicas, Mário Lino. Divulgado em 2008, o relatório pronunciou-se a favor do Campo de Tiro de Alcochete e a localização chegou a ser aprovada numa resolução do Conselho de Ministros de 2008. Recebeu luz verde condicionada no Estudo de Impacto Ambiental, mas nunca saiu do papel. “Gostaríamos de ter uma infraestrutura destas no nosso concelho mas nesta altura são outros valores que se levantam. Os governos não tiveram o respeito que deviam de ter na tomada de decisões e por isso estamos hoje sob grande pressão”, considera Carlos Coutinho.

Mação também acha que Santarém é a melhor solução para o novo aeroporto

Os eleitos da Assembleia Municipal de Mação aprovaram por unanimidade uma moção apresentada pelo PSD de apoio à construção do novo aeroporto internacional em Santarém. O documento foi aprovado na sessão da assembleia que decorreu na quinta-feira, 27 de Abril, depois da moção ter sido apresentada pelo deputado José António Almeida. “A centralidade, a proximidade de ligações ferroviárias e rodoviárias, o investimento privado, são argumentos fortíssimos para que seja escolhida a localização Santarém. Por motivos óbvios, Mação vai ganhar muito com esta solução e não pode ficar alheio à mesma”, vincou.
Vasco Estrela, presidente da câmara municipal, também concorda que Santarém é a melhor solução para o concelho, região ribatejana e país. “Sob todos os pontos de vista para a nossa região e para o nosso concelho, e penso até mesmo para o país, era seguramente a melhor solução”, afirmou o presidente de Câmara de Mação.
Além de Mação, recorde-se, os municípios de Santarém, Torres Novas, Alcanena e Golegã assinaram um protocolo de cooperação intermunicipal para ordenamento do território na sequência do Magellan 500. Também outros municípios, entre os quais, Abrantes e Rio Maior, defendem Santarém como a melhor opção.

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