Opinião | 17-05-2023 07:00

Discursos de raiva de Garrido não são novidade

Discursos de raiva de Garrido não são novidade
Joaquim Garrido, presidente da Assembleia Municipal da Chamusca, aproveitou sessão solene do 25 de Abril para discursar palavras de ódio. Foto CMC

À Margem/Opinião

Não é a primeira vez que Joaquim José Garrido, presidente da Assembleia Municipal da Chamusca, mostra publicamente a sua frustração utilizando palavras de raiva e ódio. O autarca socialista que há mais de uma década disputou a liderança do partido com Paulo Queimado, e que foi durante vários anos militante do Partido Comunista Português (PCP), já chamou “canalhas” e “escória” a toda a equipa de O MIRANTE numa publicação na página de Facebook de Paulo Queimado (em 2021) insurgindo-se contra o escrutínio que os jornalistas de O MIRANTE fazem sobre o seu trabalho de autarca. O clima de romance que os dois autarcas arguidos vivem desde que fizeram as pazes, depois de Garrido ter perdido a candidatura à câmara para Queimado, é a principal razão para que o seu papel enquanto presidente da Assembleia Municipal da Chamusca não vá ficar na história pelas boas razões. Até hoje Joaquim Garrido defendeu sempre o presidente do município elogiando constantemente o seu trabalho e desvalorizando sempre os pedidos dos autarcas da oposição, muitas vezes cortando-lhes a palavra quando questionam o Poder sobre os atrasos nos esclarecimentos sobre as contas das festas, os atrasos nas obras, entre outros assuntos mais incómodos.

Discurso de raiva e ódio no Dia da Liberdade na Chamusca

Joaquim José Garrido, presidente da Assembleia Municipal da Chamusca, aproveitou a sessão solene do 25 de Abril para partilhar um discurso onde as palavras de ordem foram “frustrações”, “ódios perversos”, “actos canalhas”, “canalhices”, “bastardos”, “crápulas”, “falta de ética”, entre outras. Os desabafos surgiram alguns dias depois do presidente da assembleia municipal ter sido constituído arguido por negócios com o município.

O presidente da Assembleia Municipal da Chamusca realizou um discurso inflamado durante a sessão solene que assinalou as comemorações do 25 de Abril no salão nobre dos Paços do Concelho. Joaquim José Garrido, que foi recentemente constituído arguido por negócios que tem mantido ao longo dos últimos anos com o município, utilizou palavras como “falta de ética, frustrações e ódios perversos” para demonstrar os seus receios em relação ao tempo que vivemos e às pessoas que, diz, colocam em causa os valores democráticos. Recorde-se que o autarca está a ser investigado, juntamente com o presidente da câmara municipal, Paulo Queimado, ambos do Partido Socialista, por negócios que envolvem mais de 50 mil euros na edição de livros e que levaram a Polícia Judiciária às suas casas de família para realizar buscas. Embora as contratações polémicas que envolvem os dois autarcas arguidos tenham sido notícia em O MIRANTE ao longo do último ano e meio o assunto ganhou mediatismo depois da TVI ter emitido uma reportagem no “Exclusivo” de Sandra Felgueiras.
Joaquim Garrido falou para o executivo camarário e deputados da assembleia municipal lamentando que nos últimos tempos se tenha vindo a “assistir ao corromper das instituições dos que perante a abertura da liberdade consagrada retiram dela a possibilidade de assumirem a sua senha infame das suas frustrações, ódios perversos, falta de ética e até mesmo falseando, omitindo a realidade, criando realidades absurdas para denegrir e arrastar para perto dos seus actos canalhas os que ao longo das suas vidas tudo deram para a construção de um mundo mais justo”. O autarca considera que há “elementos da sociedade que vivem de ódio, inveja (…) e pautam as suas vazias e pobres vidas, infelizes e medonhos, porque nunca conseguiram perdoar ao povo que os viu nascer o não reconhecimento intelectual, ético, democrático e moral.
Joaquim José Garrido, que na última reunião de assembleia municipal terá pedido em privado aos líderes dos partidos para não o questionarem sobre o processo em que é arguido, assinando um pacto de “não agressão”, algo que se veio a confirmar, diz que há “bastardos da democracia que encontram apoiantes medrosos e sem espinha dorsal que fingem não perceber o mal que estão a fazer ao futuro dos seus próprios filhos e da democracia que defendem apoiando nas trevas crápulas que eles próprios temem perante a possibilidade de também serem arrastados nas injustiças (..) vendendo a sua honra por tuta e meia”. O presidente afirmou ainda que tem um sonho que alimenta todos os dias: “deixar um mundo melhor do que encontrei sem perder a honra, a dignidade e ser cidadão de corpo inteiro. É o caminho que tenho de caminhar com todas as contrariedades e canalhices”, sublinhou.
Os representantes dos partidos com assento na assembleia municipal (CDU, PSD/CDS, PS) também discursaram e, sobretudo, evidenciaram os “valores de Abril e da democracia”, criticando, no caso da oposição, algumas políticas locais e nacionais. Paulo Queimado encerrou a sessão com um discurso que durou cerca de 10 minutos, onde falou, entre outras coisas, sobre coesão social, proximidade com as populações, do acesso à educação, à cultura e ao lazer. O autarca deu conta ainda de alguns investimentos que o município tem realizado ao longo dos últimos anos.

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