Opinião | 17-05-2023 21:00

Trocar o eleitor pelo vociferador, adoptar o voto viral e usar sopapos em vez de argumentos, para uma democracia mais robusta

Emails do outro mundo

Hedonístico Serafim das Neves

Hedonístico Serafim das Neves
Aquele cidadão de Abrantes que, há uns anos, entrou numa reunião de câmara com um cajado para convencer os autarcas a darem-lhe o que ele queria, deve ter ficado orgulhoso quando soube que um adjunto do ministro Galamba também andou a distribuir chapadas lá no ministério para conseguir levar um computador para casa.
O velho método da traulitada volta a ser moda na política e com enorme sucesso, como se viu pela atenção dada ao caso pela comunicação social. Na primeira República, no início do século passado, resolveu-se imensa coisa à bengalada e os socialistas nunca negaram ser republicanos dos quatro costados. Agora estão a prová-lo com exemplos práticos.
Só é lamentável que o centralismo do país impeça o reconhecimento das acções de grandes seguidores dos métodos republicanos, como o senhor Jorge Ferreira Dias, de Abrantes, e muitos outros da região, a que só O MIRANTE deu destaque. Ainda há pouco tempo dois autarcas da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira optaram por trocar uns sopapos em vez de argumentos e não passou na televisão.
Quarenta e nove anos depois da 25 de Abril a democracia está mais, robusta digamos assim. E não é só por causa da utilização de músculos em vez de palavras. O uso da garganta também vem crescendo e já está a fazer tremer o Governo, que até é de maioria absoluta. Quanto mais os activistas gritam mais a barraca abana.
Só falta consagrar aqueles avanços na Constituição da República. Não será altura de substituir o cidadão eleitor pelo cidadão vociferador e de adoptar o voto viral em vez do voto presencial em papel?
Em Vila Franca de Xira o lixo do rio Tejo estragou o barco varino daquele município, que tem o nome Liberdade. Longe vão os tempos em que os barcos se estragavam quando chocavam com rochedos ou eram atingidos por balas de canhão. A força do lixo é tremenda. Um Gil Eanes que apanhasse agora uma tempestade de resíduos sólidos ia achar a passagem do Cabo Bojador uma brincadeira de crianças.
Agradeço a tua pertinente correcção no caso dos rabinhos desnudados na festa de anos do PS. Tens razão quando dizes que se havia dois femininos e um masculino se cumpriu a lei das quotas. Fiquei ofuscado com o esplendor dos ditos e baralhei as contas, foi o que foi. Fui eu e o tal militante socialista que se fartou de aplaudir, sabe-se lá o quê.
A pouco e pouco vou sentindo que a tranquilidade campestre da região de Santarém se irá manter. O traçado da linha do TGV, se algum dia vier a ser construído, fica bem longe. A escolha de Santarém para fazer o novo aeroporto, se algum dia vier a ser construído, parece cada vez mais uma miragem porque quem quer chegar rápido a algum local da Europa ou do Mundo não quer um preliminar de meia hora, de Lisboa até aqui, seja de carro, comboio ou bicicleta.
E ainda bem que assim é. Imagina que punham aqui o aeroporto e a linha de TGV?! Para onde é que o pessoal da capital iria se estivesse cansado do barulho? E não digas que não sou bairrista porque não é uma questão de bairrismo. É apenas falta de terrenos para vender, aos do TGV ou aos do aeroporto.
Um abraço aéreo
Manuel Serra d’Aire

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