Políticos que não valem um cu
Não fui à Feira de Maio, na Azambuja, assim como não fui à Ascensão, na Chamusca, e à Festa do Bodo, na Azinhaga. Já não vou em cantigas e muito menos em touradas, embora ainda frequente algumas fadistices, dispensei, definitivamente, a companhia de toureiros.
Há quase um século que sou visitante da Feira do Livro de Lisboa no dia da inauguração. Este ano ainda não pisei aquele chão. Dei por isso no domingo com uma criança pela mão e uma pizza para o almoço na outra enquanto ela me cantava canções em inglês, língua que preciso de aprender e que hei-de adiar até morrer.
Descobri à porta de casa o segredo mais mal guardado do mundo que é um antigo quartel da GNR transformado num centro de residências artísticas e palco de múltiplas actividades. Foi lá, no terceiro dia da feira do livro, que fui ouvir a Miss Tea e Pedro Castanheira, num espectáculo quase a sair de cena, chamado Burla da Velha Lisboa, com jantar incluído, que demorou duas horas e meia e recomendo para quem gosta de sair do sério.
Não fui à Feira de Maio, na Azambuja, assim como não fui à Ascensão, na Chamusca, e à Festa do Bodo, na Azinhaga. Já não vou em cantigas e muito menos em touradas, embora ainda frequente algumas fadistices, dispensei, definitivamente, a companhia de toureiros. Mas gosto de saber que a tradição ainda é o que era.
A menina de quase cinco anos que levei pela mão até ao sítio das pizzas, e depois de volta a casa, tem os pés tortos, mas nem se nota; há quase 40 anos caminhei para a Rua de Angola, em Lisboa, para mandar fazer sapatos para uma filha que tinha os pés tortos, segundo dizia a pediatra. Hoje, pelos vistos, os pediatras estão mais avançados no tempo.
Foi nesta viagem de mão dada que resolvi, pela primeira vez na vida, mudar a data do meu aniversário. No dia da saída deste jornal para as bancas faço anos e vou comemorar com umas braçadas na piscina, uma massagem, uma visita à feira do livro (finalmente) e, quem sabe, duas refeições vegetarianas regadas a chá de ervas, com uma cigarrada pelo meio que Homem que não é pecador não é Homem nem é nada.
Agora que já contei um pouco da minha vidinha sem interesse vou meter a colher numa medida do Governo de António Costa muito parecida com aquela de proibir a venda de tabaco que deveria ter servido para desviar as atenções que tentavam afundar o ministro João Galamba: "a Direção-Geral da Saúde publicou uma norma este mês a dar conta de novas regras de saúde pública para eventos de massas com mais de mil pessoas. Festas passam a ter de contar com o apoio de médicos, enfermeiros, bombeiros e ambulâncias com suporte básico e avançado de vida". Vivemos num país onde não há maternidades suficientes para acudir às necessidades; o Hospital da Estefânia, em Lisboa, só para dar um exemplo, demora quase um dia a atender uma criança que procura apoio médico. Vivemos num país onde os políticos já não sentem que são almas do outro mundo de tão anestesiados que ficaram com a conquista da maioria absoluta. António Costa bem podia descer à terra e obrigar a sua equipa, numa reunião de conselho de ministros, a frequentar a praia do Meco para todos se verem nus como Deus os deu ao mundo. Quem sabe sairiam de lá mais conscientes que governam um país de enfezados, que mesmo assim alimenta com milhões a TAP a RTP e a CP, só para falar de três empresas públicas que não valem um cu comparadas com a EDP, que há muitos anos foi vendida aos chineses e que deveria ser a nossa jóia da coroa. JAE.