Opinião | 21-06-2023 21:00

A sensação de ganhar o euromilhões e os novos desafios da tauromaquia num país a fazer pela vida

Emails do outro mundo

Campestre Manuel Serra d’Aire

Campestre Manuel Serra d’Aire
Não sou propriamente um tipo com sorte ao jogo mas recentemente tive uma aproximação ao que deve ser a sensação de se descobrir que nos saiu a lotaria ou o euromilhões e que fomos bafejados por um sopro de magnanimidade divina. Num país onde há quase dois milhões de pessoas sem médico de família, este felizardo que se assina não só tem médica de família como até tem direito a receber mensagens carinhosas do Ministério da Saúde a lembrar-me da data e hora da consulta e a rogar-me que não falte pois essa consulta pode fazer falta a outra pessoa.
O conteúdo dessa mensagem telefónica fez-me recordar os conselhos que a minha mãe avisadamente me dava em criança e que eu, tantas vezes, estupidamente ignorava, para mal dos meus pecados e das minhas orelhas. Minha querida mãe, meu caro Ministério da Saúde, prometo que desta vez me vou portar bem e garanto que meia hora antes lá estarei sentadinho ordeiramente no centro de saúde à espera da consulta que a senhora doutora fez o obséquio de me conceder. Porque é um privilégio que não toca a todos e não devemos desprezar a sorte que nos calha de vez em quando na vida.
A Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria considera que Santarém é a localização “mais robusta” para o novo aeroporto, o que inaugura um novo modelo de avaliação que tem em conta, digamos assim, a compleição de cada uma das localizações. Se Santarém é a solução mais robusta, provavelmente Montijo será a opção mais enfezada e Alcochete uma alternativa a atirar para o franzino e que ainda tem que comer muita broa e massa à barrão para chegar ao cabedal de Santarém. Fico a aguardar mais esclarecimentos.
No Dia de Portugal houve tourada em Santarém e com praça cheia. Tão cheia que até havia no meio daqueles milhares de aficionados pelo menos dois activistas anti-taurinos que a dado passo decidiram fazer como aqueles malucos que invadem o relvado num jogo de futebol nus. Para a história ficam as excelentes pegas de cernelha feitas ao casal de activistas por alguns toureiros e populares que se encontravam entre barreiras e que lhes proporcionaram uma saída da praça não em ombros mas, literalmente, ao colo. Um grande momento de arte tauromáquica em que, felizmente, não houve sangue na arena no confronto com as perigosas e impulsivas feras...
Por último, porque os últimos são os primeiros, deixar aqui o meu saravá por mais um 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades. Há quem diga que Portugal é uma espécie de paraíso na terra que só tem um problema: ter demasiados portugueses. É uma teoria interessante com a qual, por vezes, me sinto tentado a concordar, nomeadamente quando navego pelas caixas de comentários das redes sociais ou vou aos estádios ver a bola, por exemplo. Será que o declínio demográfico acentuado que vivemos, esta notória aversão à reprodução, tem alguma coisa a ver com essas teorias? Será uma tentativa das novas gerações para pôr a casa em ordem?

Uma despedida repleta
de dúvidas do
Serafim das Neves

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