Opinião | 19-07-2023 21:00

Um cortejo misógino, o fenomenal assalto ao tribunal e os médicos cubanos que voltam a estar na moda

Emails do outro mundo

Orbivagante Manuel Serra d’Aire

Orbivagante Manuel Serra d’Aire
A origem da Festa dos Tabuleiros em Tomar perde-se na bruma dos tempos e só isso pode justificar que o culto da misoginia perdure até hoje. Há tradições imutáveis; e numa cidade que tem origem nos cavaleiros templários, que não eram propriamente conhecidos pela fervorosa devoção ao sexo feminino, é preciso ter cuidado quando se trata da cultura enraizada. É por isso, provavelmente, que o Cortejo dos Rapazes, na Festa dos Tabuleiros, continua a ter essa designação apesar da absoluta paridade que existe no desfile, composto por pares de meninos e meninas. Com a agravante de serem as moças a terem que carregar com os tabuleiros à cabeça durante o percurso, à semelhança do que acontece no principal desfile com mulheres já feitas.
O Cavaleiro Andante já tinha alertado para esta flagrante desigualdade e eu corroboro-a. O que me admira é que os movimentos de empoderamento feminino ainda não tenham dado pela coisa e não tenham lançado um dos seus manifestos exigindo a mudança do nome para cortejo dos rapazes e das raparigas, dos meninos e das meninas, dos cachopos e das cachopas, deles e delas ou coisa que o valha. Pelos visto as capazes andam distraídas ou entretidas com outras coisas...
O Entroncamento é a terra dos fenómenos e apesar de já não haver há muito tempo notícias de melros brancos, carneiros com quatro cornos, abóboras gigantes e outras aberrações da natureza, a cidade merece continuar com a fama intacta graças ao labor de alguns elementos mais bairristas. Recentemente, tivemos conhecimento de mais alguns fenómenos sendo que o mais relevante foi o do assalto ao tribunal. Diz-me lá quantos tribunais é que conheces que tenham sido assaltados durante a noite? Pois… E, não se ficando por aí, os mesmos bairristas assaltaram também o centro de saúde. Se já não devia haver muitas terras com o tribunal assaltado, então com o tribunal e com o centro de saúde assaltados é que não deve haver nenhuma. Não é fenomenal que haja quem, a bem da preservação da aura mítica da sua cidade, se voluntarie a introduzir-se em locais de que a maioria das pessoas quer distância?
Ainda sou do tempo em que o Moita Flores levava os ‘velhotes’ de Santarém a Cuba para fazer operações às cataratas. Mudam-se os tempos mudam-se as vontades. Agora, o Serviço Nacional de Saúde quer contratar 300 médicos cubanos para darem consultas em Portugal. Se Maomé não vai à montanha que venha a montanha a Maomé. Mesmo que seja contra a vontade do Bloco de Esquerda que considerou, pela voz da sua chefe, que a contratação dos médicos cubanos é um sinal da emergência da incapacidade do Governo em fixar os clínicos no Serviço Nacional de Saúde. Conta-nos novidades, Mariana!!! Lá está: é-se preso por ter médico e é-se preso por não ter. Já diziam os romanos: algures, lá para os confins da Península Ibérica, existe um povo que não se governa nem se deixa governar…
Um brinde com Cuba Libre do
Serafim das Neves

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