“Estácio de Sá, o herói desconhecido” vai ser título de uma biografia editada por O MIRANTE
Estácio de Sá, o escalabitano que fundou a cidade do Rio de Janeiro, vai ter uma biografia editada por O MIRANTE, que deverá ser uma boa razão para falarmos da relação entre Brasil e Portugal, incluindo Santarém e a figura de Pedro Alvares Cabral, o descobridor do Brasil que está sepultado na Igreja da Graça.
Tenho uma história para contar da minha primeira viagem a Nova York; o meu medo de não me entender com os americanos foi perdido quando percebi que em NY porta sim, porta sim, ou se falava português ou espanhol. O que mais encontrei foram brasileiros.
Estou com um livro em mãos que é uma biografia de Estácio de Sá, o fundador da cidade do Rio de Janeiro. A minha amiga Beth, que está a organizar uma parte do lançamento do livro, já leu o texto duas vezes, e fez os comentários esperados de quem sabe, pela experiência e vivência, de que forma o Brasil, neste terceiro mandato de Lula da Silva, está a tentar fazer vingar mais uma pequena revolução. Transcrevo uma parte da última missiva da minha amiga: “A figura do colonizador como herói, proposta pelo livro, não se adequa a nova orientação historiográfica. Embora seja legítimo o reconhecimento da importância das grandes navegações que a partir do século 16 mudaram o mapa do mundo, é legítimo também reconhecer a voz dos invadidos e explorados, indígenas e negros, no caso do Brasil. Acredito que um seminário sobre o tema com as interpretações e depoimentos de representantes portugueses, indígenas e afro-brasileiros, seja uma oportunidade para avançarmos e atualizarmos os entendimentos sobre a história oficial da fundação da cidade e o papel de Estácio de Sá nas batalhas pela ocupação do espaço (:) Enfim, acho que temos uma boa oportunidade de discussão tanto aqui, como em Portugal. Vivemos um bom momento para reinterpretações históricas”.
No dia em que recebi este e-mail marquei uma reunião no Porto com um professor universitário, especialista na Obra do poeta brasileiro Gregório de Matos, um poeta seiscentista, talvez o mais maldito da poesia em língua portuguesa, que viveu em Portugal, onde fez a sua formação e ainda trabalhou como juiz. O objectivo é contribuir para a publicação em Portugal de uma biografia do poeta, do qual também sou leitor e admirador quase fanático. No entanto, reconhece o meu interlocutor, com quem me vou reunir já depois da publicação desta crónica, a edição do seu trabalho, que é considerado a primeira edição critica do autor seiscentista, “jamais vai encontrar muitos leitores dos dois lados do Atlântico, porque se trata de um autor quase desconhecido, e o barroco continua a ser um período literário marginalizado” (Gregório de Matos nasceu em 1636 e morreu em 1696).
Depois de me familiarizar com a história de vida e da obra poética de Gregório de Matos, já lá vão uns bons anos, o Brasil para mim deixou de ter segredos, e a possibilidade de ajudar nas “reinterpretações históricas” vai ser certamente tão desafiante como mergulhar nas praias do Nordeste ou do Rio Grande do Sul no período de Verão.
Quero convidar os leitores desta coluna a associarem-se ao evento que será o lançamento da biografia de Estácio de Sá, o fundador do Rio de Janeiro, e já agora a darem uma vista de olhos aos poemas de Gregório de Matos que andam por aí nas páginas da Internet. Daqui a um tempo, espero que não seja muito, talvez “A Musa Praguejadora”, a sua biografia romanceada da autoria da grande e reconhecida escritora Ana Miranda, apareça em livro numa livraria perto de si.
Comecei e acabo com NY porque a última vez que lá estive levava dois filhos atrelados que se recusaram a ir comigo visitar o MoMA. De verdade estávamos com bilhete marcado para Orlando, e era lá que as diversões nos esperavam. Mas ter ido a NY e não ter visitado o MoMA ainda hoje é motivo de conversa, porque o tempo vai passando e os gostos e as opções também vão mudando. Não há muito tempo acreditava que ia viver o resto da vida numa cidade do Rio Grande do Sul onde parece que o mundo começa e acaba; hoje tenho mais dúvidas; as ilhas dos Açores, por exemplo, ficam a uma hora de viagem de Lisboa e as temperaturas durante o Inverno podem considerar-se bastante boas. JAE