O aeroporto, a travessa António Mendes, os empresários da Parreira e o PSD que não existe
A visita do Papa não é motivo para concessões: enquanto Portugal for um país da cauda da Europa ninguém deve desistir de vestir a camisola do contra.
O MIRANTE voltou a marcar a agenda nacional com trabalho editorial com dois importantes membros da equipa de engenheiros que desenhou, e ainda está a desenhar, o projecto do novo aeroporto internacional de Lisboa em Alverca. Por enquanto, o texto da entrevista anda de artigo em artigo, mas da boca ou da caneta de quem tem voto na matéria ainda não há novas nem mandadas. Nesta edição os autarcas de Loures e Vila Franca de Xira, incluindo o presidente da Junta de Alverca, põem mais lenha na fogueira, desvalorizando o aeroporto em Alverca e apontando Benavente e Santarém como os melhores locais.
O jovem aprendiz de feiticeiro e rapa tachos que governa a Câmara de Constância, Sérgio Oliveira, vai baptizar uma travessa com o nome de António Mendes, o histórico autarca do concelho. António Mendes aceitou, ninguém sabe porquê, mas a CDU já veio em sua defesa e, aparentemente, com razão. Não é a travessa que está em causa, são os critérios, e o bom senso; travessas há muitas, ó estúpidos, que nos querem meter Constância pelos olhos dentro. António Mendes não está assim tão velho para fazerem dele gato sapato, mas de verdade trataram-no como se já não estivesse em idade de os mandar à fava, e aceitou dar nome a uma travessa como teria aceite uma travessa de figos, agora que estamos no tempo deles.
Tenho dormido na Chamusca onde tenho as minhas raízes que são de sobreiro velho. À noite vou à Golegã jantar porque na Chamusca, à noite, não há restaurantes abertos. Ao contrário, a Golegã, que fica só a cinco quilómetros, tem várias soluções, para ricos e menos ricos, já que os pobres não têm dinheiro para frequentarem restaurantes que não sejam os de fast-food. A grande alternativa é Tomar, e juro que vale a pena a viagem. Se é verdade que vêm aí tempos novos, e nada vai ser como dantes, em Tomar já se nota a evolução.
A Câmara da Chamusca está entregue politicamente a um politraumatizado, um playboy que manca, que nunca viajou, um empresário que não teve sucesso, um político sem escola, um capataz a quem subiu o poder à cabeça. O povo da Chamusca já começou a perder a vergonha de o criticar, tais são as evidências da má gestão do concelho. Um político que tem uma piscina fechada, em obras há cinco anos, só pode ser um trouxa, um irresponsável; um político que tem à perna, numa reunião da assembleia municipal um grupo de empresários da Parreira, a perguntar onde é que ele anda, que não responde no telemóvel nem por carta, só pode estar a viver um pesadelo; jamais alguém vai acreditar que ele sabe o que anda a fazer (a Parreira é a única aldeia do concelho da Chamusca de onde ainda chegam boas notícias, embora se situe no meio da charneca, mais perto de Almeirim do que da Chamusca, o que dá que pensar).
O PSD distrital já sabe que o PS não vai ter Pedro Ribeiro a concorrer à Câmara de Almeirim, mas, pelos vistos, os social-democratas não sabem que Almeirim existe no mapa. O mesmo acontece na Chamusca, em Alpiarça, em Salvaterra de Magos, Constância, Abrantes e Coruche. Em alguns destes concelhos o PSD está representado, mas para concorrer às próximas eleições autárquicas e dar luta a quem governa, é preciso dar sinal de vida, coisa que não acontece de verdade. Santarém e Ourém são a excepção, mas é pouco para um partido fundador da nossa democracia. Escusado será escrever que ninguém se lembra que João Moura existe; mas é ele que ainda é o todo-poderoso, e ao mesmo tempo a iminência parda do partido a nível regional, embora não pareça. A oposição interna no PSD também não existe, o que faz adivinhar longa vida aos autarcas do PS, embora alguns bem merecessem uma oposição a sério. JAE.