Opinião | 10-08-2023 07:00

O Papa em Portugal provou que somos um povo pacífico e magnífico

Francisco veio a Portugal provar que somos um povo pacífico e magnífico, que sabemos receber, que não somos violentos, que estamos mais perto do céu que do inferno. Mas apesar do poder e da influência da Igreja no mundo, ainda é mais fácil o Vaticano ser notícia por causa dos abusos sexuais dos membros do clero, do que por ajudar nas negociações na guerra da Ucrânia, na resolução de conflitos nos regimes totalitários liderados por políticos criminosos, como acontece numa boa maioria dos países africanos, assim como nas falsas democracias em países da grande América, a do norte ou a do sul, de onde o Papa é natural.

Francisco veio a Portugal provar que somos um povo pacífico e magnífico, que sabemos receber, que não somos violentos, que estamos mais perto do céu que do inferno.
É difícil deixar passar em branco a visita do Papa a Portugal. Jorge Mario Bergoglio, conhecido como Papa Francisco, tem um historial de vida que fazia adivinhar uma grande jornada no Vaticano onde o Poder é tão disputado como em qualquer Estado do mundo. Só para fazermos um ponto de situação, Jorge Mário Bergoglio é o primeiro papa nascido na América, o primeiro a utilizar o nome de Francisco, o primeiro não europeu em mais de 1.200 anos. Quem pesquisar na Internet vai ficar surpreendido com a diferença que o Papa Francisco já conseguiu levar para o seio da Igreja Católica, com aquilo que já fez até agora em áreas tão sensíveis como o papel das mulheres, o celibato dos padres e a corrupção que passava pelo banco oficial do Vaticano como se a lei para a Igreja fosse a da Máfia italiana: Apesar do poder e da influência da Igreja no mundo ainda é mais fácil o Vaticano ser notícia por causa dos abusos sexuais dos membros do clero, do que por ajudar nas negociações na guerra da Ucrânia, na resolução de conflitos nos regimes totalitários liderados por políticos criminosos, como acontece numa boa maioria dos países africanos, assim como nas falsas democracias em países da grande América, a do norte ou a do sul, de onde o papa é natural.
Francisco veio a Portugal provar que somos um povo pacífico e magnífico, que sabemos receber, que não somos violentos, que estamos mais perto do céu que do inferno, seja lá isso o que for para cada um de nós.
Como não gosto de unanimidades, trago aqui um caso que passou despercebido, mas que conta para a propriedade da nossa civilização, e para as mudanças que são cada vez maiores e mais visíveis. Antes de sair de Roma, directo a Lisboa, Francisco deu uma entrevista em que explica que as pessoas transexuais devem ser respeitadas, e que perante Deus são iguais e têm os mesmos direitos. No dia em que falou dos transexuais explicou ainda a razão porque ultimamente tem recebido homossexuais no Vaticano.
Na Ameixoeira, um conhecido bairro de Lisboa, uma dúzia de manifestantes interrompeu, no dia 3 de Julho, uma missa organizada pelo Centro Arco-Íris, uma associação dirigida à comunidade LGBT. Os manifestantes, na sua grande maioria jovens, entraram no templo carregando crucifixos e entoaram orações cuja intenção, disseram mais tarde, era repararem “os pecados mortais que resultam da ideologia LGBT que existe no seio da Igreja Católica".
A PSP interveio e acabou com a manifestação sem grandes dificuldades. Certamente que a ideia era chamar a atenção dos meios de comunicação social, mas o desacato foi tão singular que só a imprensa escrita ligou ao assunto. Com as televisões focadas nas grandes multidões, e nos grandes protagonistas da JMJ, o caso já passou à história. Mas ninguém pode dizer que a Igreja é um lugar de santos e santas. O próprio Papa Francisco dedicou uma boa parte dos seus discursos para dentro da sua Igreja condenando os homens da batina que por dá cá aquela palha não baptizam uma criança ou dificultam a vida a quem não vai à missa todos os dias ou todas as semanas.
Lisboa acolheu uma multidão de pessoas mas ninguém foi fazer companhia às centenas que dormem nas avenidas e nos bancos dos jardins. Não sei muito bem do que falo mas mesmo assim escrevo: o dinheiro gasto nos dois palcos onde o Papa foi discursar chegava para tirar todos os pobres das ruas de Lisboa e acolhê-los em lugares dignos recuperando-os da miséria física e espiritual em que vivem. António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa e Carlos Moedas, bem podem mandar ampliar as fotos ao lado do Papa Francisco, que a história destes dias é mais a miséria que cresce nas ruas que a recordação dos discursos sobre géneros, abusos sexuais, guerra na Ucrânia e fome em África, o maior flagelo dos nossos dias que, por vergonha ou incompetência, desapareceu dos discursos oficiais e dos noticiários, principalmente nos países europeus, que ainda são, no caso da França, por exemplo, colonizadores encapotados. JAE

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