Opinião | 13-09-2023 21:00

Um espalhanço no skate parque, a generosidade de Bordalo II e o adeus à Kikas

Emails do outro mundo

Sagaz Manuel Serra d’Aire

Sagaz Manuel Serra d’Aire
Tal como existem campanhas de sensibilização e alerta para os perigos do excesso de velocidade, da condução sob efeito do álcool, da entrada no mar com bandeira vermelha ou de fazer fogo em matas em dias de 30 graus à sombra, também é tempo de implementar medidas que acautelem para os riscos que envolvem os chamados desportos radicais nomeadamente o skate. Se assim fosse, talvez se evitassem traumas como os que ocorreram recentemente em Santarém a propósito da construção de um skate parque que custou 75 mil euros à câmara municipal.
O dito skate parque, que foi fechado um par de dias após ser inaugurado, pode fazer rolar cabeças no executivo camarário e causar fracturas expostas na coligação entre PSD e PS que gere o município, dizem as más línguas, que são habitualmente as melhor informadas. Além disso, pode também vir a dar trabalho aos tribunais, já tão assoberbados com greves e processos. De repente, um aparentemente inocente equipamento para a rapaziada deslizar em pranchas sobre rodas converteu-se no facto político do ano em Santarém. Está visto que também na política é conveniente usar medidas de protecção antes de se tomarem decisões mais radicais e arriscadas, para que ninguém se espalhe ao comprido. É que o chão é duro e o daquele skate parque, junto à Casa do Campino, é especialmente abrasivo, diz quem sabe da poda. E eu acredito.
Abrasiva foi também a obra de arte que o artista Bordalo II deixou junto à praça de touros de Vila Franca de Xira, onde instalou a figura de um toureiro a ser espetado com bandarilhas por um touro. Foram muitas as vozes a favor e contra e a Misericórdia de Vila Franca de Xira, proprietária da arena, até pondera participar o caso ao Ministério Público. Já o presidente da câmara repudiou o que classificou como acto de vandalismo. Mas acho que estão a ver mal a coisa. Arte no espaço público sem custar um tusto, ainda por cima criada por um artista da moda, é um achado. Talvez não fosse má ideia exporem a obra de arte na Feira de Outubro e cobrar bilhete a quem a quisesse apreciar. Se calhar rendia mais do que as bilheteiras das corridas de touros.
Uma das notícias deste Verão foi a venda do bar da Kikas a espanhóis, que talvez se tenham interessado pelo negócio inspirados no nome do estabelecimento, que se designa La Siesta. A fama do espaço chegou a todo o país ao longo dos anos, o que só pode ter ficado a dever-se à excelência do serviço e à irrepreensível satisfação da clientela que ali via um seguro porto de abrigo para se abstrair das arrelias da sensaborona vida quotidiana e aliviar-se do stress acumulado. Confesso que não conheci o bar da Kikas, o que só por si é uma heresia difícil de explicar e de perdoar, mesmo com esta humilde confissão, mas quem sabe um dia destes passe por lá para conhecer o sucedâneo e brindar às coisas boas da vida.
Saudações hedonistas do
Serafim das Neves

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