Opinião | 27-09-2023 14:12

Política

Quanto ao servir a “res publica” vivem-se tempos infames, mas não obscuros. Infames, porque a maioria do poder político pretende manter-se “à outrance” no poder, cilindrando valores, comportamentos éticos, moral pública e mesmo a lei. Porém, não são tempos obscuros, porque as manobras e os esquemas untuosos para proveitos próprios são cada vez mais óbvios e cristalinos, estando à vista de todos.

Existem várias definições para política. Não vou sistematizá-las aqui, mas, com base em vários autores, pode definir-se como a faculdade de resolver a contestação sobre a distribuição de bens materiais, ou simplesmente, a arte do exercício do poder. Ou ambas acepções.

Já para Aristóteles (384 A.C.–322 A.C.) a política seria uma ciência prática que se preocupa com a acção nobre ou a felicidade dos cidadãos, sendo que, para aquele filósofo, esta última seria o objectivo mais elevado da vida humana.

Por conseguinte, um político pode trilhar dois caminhos distintos: um meramente ávido e interesseiro em garantir o poder pelo poder e um outro de puro serviço aos seus concidadãos.

São cada vez mais raros os políticos de puro serviço público, cujas acções assentam em convicções e em valores intemporais.

Na realidade, quanto ao servir a “res publica” vivem-se tempos infames, mas não obscuros. Infames, porque a maioria do poder político pretende manter-se “à outrance” no poder, cilindrando valores, comportamentos éticos, moral pública e mesmo a lei. Porém, não são tempos obscuros, porque as manobras e os esquemas untuosos para proveitos próprios são cada vez mais óbvios e cristalinos, estando à vista de todos. Só não vê quem não quer.

Veja-se, por exemplo, como em terra de “nuestros hermanos”, o Sr. Pedro Sánchez se prepara para “vender a própria mãe” para se manter no poder. Neste caso, aquela “venda” traduzir-se-á, entre outros aspectos, numa amnistia e fim de todos os processos judiciais a Carles Puigdemont e a todos os separatistas catalães, bem como a exigência de apoio financeiro do governo espanhol e de um novo referendo sobre a independência da Catalunha.

Acontece que o Sr Pedro Sánchez já disse tudo e o seu contrário, desdizendo-se hoje sobre tudo o que disse ontem sobre a Esquerda Republicana da Catalunha e dos bascos do EH Bildu (herdeiros da ETA), que também o vão apoiar. Que se lixe a coesão do estado espanhol se isso for o preço a pagar para simplesmente se manter no poder.

Ora, a inspiração do Sr. Pedro Sánchez é o inefável Dr. Costa, que governou com o Bloco e o PC com os resultados que também estão à vista de todos. Também só não vê quem não quer.

“Hélas”, venderam-se todas as putativas convicções – provando-se assim que, afinal, não existiam -, para formar um governo, mesmo que isso custasse a felicidade e o bem-estar dos Portugueses. E custou!

O Dr. Costa nunca afrontará qualquer interesse instalado, porque tal conduzirá sempre a dores agudas, confronto político, descontentamentos, obsoletas arruadas, à destruição de teias cúmplices que alimentam os cofres dos partidos políticos e, naturalmente, à perda de votos.

O povo vai engolindo tudo, sempre pacato, submisso e penhorado. Quem é pobre tem sempre medo do amanhã. E o Dr. Costa sabe disso. Mentindo, anunciará sempre que despejará dinheiro - que não existe - sobre tudo e sobre todos. Diz tudo e o seu contrário. Mente sorrindo e o povo gosta.

Quem se recorda da execrável renacionalização da TAP, cujos aviões eram as novas caravelas portuguesas e dos mais de três mil milhões de euros lá despejados? Agora, com o mesmo ardiloso trejeito facial, o Dr Costa comunica que, afinal, a TAP vai de novo ser vendida a privados...

Não foi necessário estudar estratégia em tremeluzentes faculdades de economia identificadas com anglicismos ridículos. O Dr. Costa “sabe-a toda” e vai prosseguir com o mesmo ardil até ao fim, à custa de um país cada vez mais pelintra e resignado.

Qualquer dia também riscam o pobre Aristóteles dos manuais escolares.

P.N.Pimenta Braz

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