Opinião | 04-10-2023 15:00

Esticar a sigla, pagar a rir e esperar que a câmara nos organize o encontro de antigos alunos

Emails do outro mundo

Valente Serafim das Neves

Valente Serafim das Neves
Subscrevo a tua análise ao momento actual. Tal como tu, ando a sentir-me cada vez mais espoliado. O que me vale são os supermercados com as suas hilariantes promoções.
Da última vez que fui às compras, informaram-me, através do talão de pagamento, que eu, numa compra de quarenta e poucos euros, tinha poupado mais de cem. O que eles não fazem para nos sentirmos felizes. Paguei bem, mas fartei-me de rir ao ler que, sem aquela generosidade, teria pago três vezes mais. Os humoristas que se cuidem.
Quanto ao Governo, também acho que está na altura de uma chicotada psicológica, como acontecia com os treinadores de futebol. Se a tradição se cumprir, na primeira semana de um novo Governo os preços e os impostos baixam logo. Foi assim com este que está agora e com os anteriores. Claro que depois volta tudo ao mesmo, mas enquanto o pau vai e vem folgam as costas.
As marchas do orgulho gay, como se chamavam inicialmente, estão cada vez maiores. E não é pelo aumento do número de participantes, nem por se realizarem mais vezes e em mais terras. É pelo número de letras que agora figuram na designação.
Há dias, em Santarém, houve uma, que já ostentava, no cartaz cinco orgulhosas letrinhas, LGBTI e um sinal mais + (mais), mas que ainda cresceu durante o tempo que decorreu. Na reportagem que li, lá para o final, já era mencionada como marcha LGBTQIAP+.
Não tive oportunidade de ouvir nenhuma reportagem de rádio ou televisão, mas acredito que, só para mencionar a sigla, o repórter tenha gasto quase todo o tempo que lhe foi dado para reportar. E terá sido pior, se tiver tentado explicar que a marcha abrangia pessoas que são Lésbicas, Gays, Bi, Trans, Queer/Questionando, Intersexo, Assexuais/Arromanticas/Agénero, Pan/Poli e mais.
Mais tarde descobri que a sigla correcta do movimento, a 16 de Setembro, data da marcha de Santarém, já era LGBTQQICAAPF2K+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgéneros, Queer, Questionando, Intersexuais, Curioso, Assexuais, Aliados, Pansexuais, Polissexuais, Familiares, 2-espíritos e Kink). E pensar que as siglas foram criadas para facilitar a comunicação.
E num país de siglas como o nosso, onde há siglas até para dizer bom dia aos vizinhos, é bom verificar que enquanto houver letras disponíveis no alfabeto a facilidade de comunicação vai prevalecer sobre os longos discursos.
As câmaras de Torres Novas e Barquinha vão organizar, pela segunda vez, um encontro de ex-alunos de escolas militares e da polícia. Chama-se Volver, dura até ao fim do ano e vai ter música, cinema, conferências, exposições e teatro.
É uma forma criativa de ter polícias e militares naqueles concelhos, durante uns meses, colmatando eventuais falhas de efectivos e reforçando a segurança através da presença em massa. E bem se sabe que, mesmo não estando de serviço, militares e polícias estão sempre de serviço, digamos assim.
Se por ali houvesse faculdades de Medicina acredito que fariam um Volver médico que não iria durar meses, mas anos. E para além de actividades culturais, até garantiria refeições e alojamento para os ex-alunos tendo em conta a falta de médicos por estas bandas. E ninguém iria criticar a despesa... nem sequer a oposição.
Um bacalhau sem descontos
Manuel Serra d’Aire

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