Opinião | 11-10-2023 18:00

Os televereadores de Salvaterra de Magos e a guerra de Montenegro que parece a do Solnado

Emails do outro mundo

Republicano Manuel Serra d’Aire

Republicano Manuel Serra d’Aire
As sequelas dos confinamentos e do isolamento social a que estivemos votados durante os anos da pandemia ainda se fazem sentir na saúde mental de muita gente, pelo menos a fazer fé nos estudos e notícias que vão saindo, mas pelo menos entre os políticos da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos esse é um problema que não existe. Aliás, os membros do executivo camarário afeiçoaram-se de tal modo aos tempos das reuniões online durante a Covid que não querem outra coisa. Uns vereadores ficam em casa, outro vai para um gabinete junto à sala de sessões e só o presidente e a vice-presidente comparecem fisicamente na sala de sessões. Ou seja, por ali não existe só um putativo e natural distanciamento político entre maioria e oposição, há também uma distância física que, pelos vistos, agrada a todos.
Foi explicado que essa medida evita que os vereadores sem pelouros tenham de pedinchar a tarde das reuniões às suas entidades patronais, o que não deixa de ser curioso. Pelos vistos, esses televereadores de Salvaterra de Magos enquanto participam nas reuniões do órgão executivo, para o qual foram eleitos pelo povo, estão, ao mesmo tempo, a cumprir com abnegação os seus afazeres profissionais. São uma espécie de 2 em 1, num registo de omnipresença e omnipotência que deve deleitar patrões e população que os elegeu. Bem merecem por isso ser compensados com o valor da senha de presença por cada reunião em que participam, mesmo sem presença na sala.
O presidente do PSD, um senhor sisudo chamado Luís Montenegro, andou de visita ao Ribatejo e, juntamente com a comitiva, esteve na malfadada ponte da Chamusca para observar como se encontra obsoleta aquela estrutura que, em certos dias, custa tanto a atravessar de automóvel que mais parece uma “travessia do deserto”. O problema, pelo que já tem de histórico, merecia ser incorporado na lista do património imaterial nacional (como muitos outros), tantos foram já os planos, as propostas e as promessas deixadas ao longo das últimas três décadas por PS e PSD.
Já Luís Montenegro merecia uma entrada na wikipédia como inspirado comediante ao dizer que o seu partido tem travado uma guerra intensa na Assembleia da República para introduzir a construção de uma nova ponte entre Chamusca e Golegã em vários orçamentos de Estado. Não sei a que orçamentos se refere, se houve baixas nessa guerra nem me recordo de assim tantas batalhas (com uma ou outra excepção), mas, certamente, não terão ocorrido durante as discussões dos orçamentos de Estado nos tempos em que o PSD foi Governo.
E, mesmo quando os governos eram socialistas e o assunto veio à baila, os tiros oriundos da bancada social-democrata, nalgumas ocasiões, foram de pólvora seca. Em 2020, por exemplo, a bancada parlamentar do PSD absteve-se perante uma proposta do Bloco de Esquerda que apontava a possibilidade de se introduzir o compromisso da nova ponte na Lei do Orçamento de Estado. Imagina agora o que seria se, em vez dessa luta intensa travada com inusitada bravura pelos soldados ‘laranja’ ao longo dos tempos, o exército do PSD se tivesse acagaçado. Não havia quem nos defendesse e, provavelmente, já nem a velha ponte tínhamos...
Um viva à República do
Serafim das Neves

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