Opinião | 18-10-2023 21:00

O fim das falsas urgências, a privatização do Almonda e da beleza natural da minha vizinha e papel higiénico com o IVA do champanhe

Lépido Serafim das Neves

Lépido Serafim das Neves
Acabaram as falsas urgências, que já eram mais de oitenta por cento das urgências dos hospitais. Depois de anos e anos de conversa sem resultado, os médicos meteram mãos à obra e já fecharam uma carrada delas, recorrendo ao estratagema de fazerem greve às horas extraordinárias. E em breve vão fechá-las todas. É uma questão de tempo, segundo dizem.
Pessoas que iam para as salas de espera para conversarem um bocadinho; para usarem o wi-fi dos hospitais; para terem umas horas fora de casa sem aturar a família e até para dormirem umas sonecas nas macas postas à disposição, vão ter que procurar outras alternativas. E alguns médicos, que os há, que também iam para as urgências para se distraírem a ver os colegas trabalhar e não terem que aturar as mulheres e os filhos, também terão que fazer o mesmo.
Acabaram as falsas urgências. As falsas e as outras. Acabaram as urgências. Ponto final. E o que se poupa com aquilo!! Obrigado doutores. Não sei o que vão fazer as televisões sem o caos, o horror e a tragédia dos engarrafamentos de macas nos corredores e do sono sobressaltado de abnegados bombeiros, horas a fio, de barba por fazer, sentados nas ambulâncias à espera que lhes devolvessem as macas, mas não será por aí que o gato vai às filhoses, digamos assim.
Há sempre inundações, enxurradas, assaltos a cafés, facadas desferidas por bons vizinhos, adultérios vingados a murro e.. os incêndios florestais, que agora são todo o ano por causa das mudanças climáticas. E, para o público mais exigente, sempre podem transmitir as infantis alegrias dos elementos das comissões parlamentares e as tiradas de teatro de revista do presidente Marcelo, do primeiro-ministro Costa e de outros chefes de partidos, bem como o caos, horror e a tragédia, lá está, das greves em emissão contínua dos funcionários públicos.
E por falar em greves, muito estranho eu que ainda não tenha sido criado um curso superior de greves e paralisações com licenciatura, mestrado, doutoramento e pós-graduações, para permitir a progressão na carreira, digamos assim, de professores e funcionários públicos em geral. E, para os cidadãos que não trabalham para o Estado, cursos intensivos de sobrevivência às greves, com distribuição de manuais.
A Renova, aquela empresa que teve a brilhante ideia de lutar contra o racismo fabricando papel higiénico preto, apresentou queixa contra algumas pessoas que decidiram visitar a nascente do rio Almonda, sem a sua autorização. É incrível haver pessoas que não respeitam a propriedade privada. Os invasores acham que aquilo é do povo, mas a nascente do rio é da Renova...e se não é devia ser. Invadir o quintal da empresa é eu como invadir o quarto de dormir da minha vizinha, só por achar que ela é... uma beleza natural.
Serafim, a campanha de IVA zero destinada a pouparmos nos supermercados está a falhar, pelo menos em relação ao papel higiénico que comprei e que tinha IVA a 23%, como o champanhe francês. Comprei-o por ser mais barato e fabricado com papel reciclado, mas se calhar, devia ter optado por umas folhas de couve, se queria ter o IVA zero.
Saudações climatéricas
Manuel Serra d’Aire

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1680
    04-09-2024
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1680
    04-09-2024
    Capa Lezíria/Médio Tejo