Opinião | 22-11-2023 21:00

A precariedade laboral na política e algumas reflexões agro-pecuárias

Emails do outro mundo

Cosmopolita Manuel Serra d’Aire

Cosmopolita Manuel Serra d’Aire
O Governo socialista de António Costa caiu e, como se costuma dizer, em cada crise espreita uma oportunidade. Uma ou muitas. Em Março vamos ter eleições legislativas e a corrida pelos lugares elegíveis nas listas já deve estar a rolar em velocidade de cruzeiro. Estão muitos lugares apetitosos em disputa. Mas há também o outro lado da moeda. Há muita gente que contava com uma vidinha relativamente sossegada e bem remunerada durante quatro anos e meio e que agora se vê na contingência de ter de deixar a Assembleia da República ou o Governo a meio do percurso. Já nem na política há estabilidade laboral! Nem há sindicatos ou ordens profissionais que lhes valham.
Alguns dos lesados deixaram cargos políticos noutras paragens, em municípios, por exemplo, para subirem mais um degrau na hierarquia da política nacional e frequentarem os lustrosos corredores da capital e agora estão sujeitos a terem de voltar para os seus empregos na terrinha, porque este comboio, para muitos, só passa uma vez. Quem lhes acode? Terão de fazer desmame para se habituarem novamente à humilde condição terrena depois de terem experimentado as doçuras do Poder?
Há já uns bons anos, um presidente da Câmara de Rio Maior conhecido pelo seu bom e, por vezes, desarmante humor mencionava com alguma frequência que o seu concelho tinha mais porcos do que eleitores, para ilustrar a proliferação de suiniculturas nesse território. Actualmente não sei se será assim, até porque o Censos de 2021 não dedicou um capítulo à população de recos quando andou a contar as cabeças humanas concelho a concelho. Mas a julgar pelo fedor que por vezes se sente por aquelas paragens ainda deve haver bácoros suficientes para se fazerem notar.
O mesmo se passa em Abrantes, como tu bem acentuaste, mas com os primos javalis, pouco dados a pocilgas e mais habituados a viver em liberdade e a fazer o que lhes dá na real gana. Nem que isso signifique irem à procura de alimento em plena cidade, para espanto da população e deleite dos admiradores dos animais, que assim podem assistir ao vivo e a cores a momentos dignos da National Geographic. Como os compreendo. Também sou um admirador confesso dos javalis em carne e osso, embora de preferência já cozinhados e prontos a servir.
Passou-se mais um São Martinho e a Golegã celebrou-o novamente a preceito. A feira está mais asséptica e civilizada e os cavaleiros já não entram montados nas tascas como antigamente para beber a água-pé, ou lá o que é aquilo que alguns vendiam por lá, mas a feira continua a ser uma colecção de postais castiços e um cruzamento único entre a rusticidade ribatejana, as ‘tias de Cascais’ (genuínas e de fancaria) e a florescente comunidade agro-beta. A organização dizia que esperava um milhão de visitantes nesta edição - um valor astronómico que, provavelmente, para além de humanos, contaria também com cavalos, burros e outras alimárias. Eu estive lá e, para que conste em meu abono, não vi nem contactei com nenhum membro do Governo...
Um abraço do
Serafim das Neves

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