Embora o executivo da Câmara da Chamusca seja liderado por políticos que têm pouca intervenção pública, e promovem pouco o debate sobre os problemas do concelho, nos últimos tempos as reuniões da assembleia municipal são aproveitadas por associações e munícipes para demonstrarem desagrado pelas políticas e pelos políticos. Depois de Emília Infante Pedroso, foi a vez do responsável pela Filarmónica Carregueirense “Victória” intervir para questionar a falta de solidariedade do executivo municipal em relação aos problemas infraestruturais na sede. Há vários meses, um grupo de empresários da freguesia da Parreira acusou Paulo Queimado de não responder a emails nem a telefonemas. Nos últimos tempos, o próprio presidente da assembleia municipal também foi questionado sobre negociatas que tem feito com a câmara, mas a tudo o que são perguntas directas, os autarcas respondem de forma enviesada sem se mostrarem disponíveis para o diálogo e dando provas de que não apreciam a participação dos munícipes nas reuniões públicas dos políticos.
“A vila da Chamusca está a morrer”
Emília Infante Pedroso foi à última Assembleia Municipal da Chamusca lamentar que não tenha sido dada atenção a um abaixo-assinado subscrito por 140 munícipes a demonstrar preocupação pelo futuro da vila. Presidente da assembleia respondeu, mas a munícipe não se calou e terminou com um desabafo: “a vila da Chamusca está a morrer cada vez mais”.
Na última sessão de Assembleia Municipal da Chamusca, Emília Infante Pedroso aproveitou o período dedicado ao público para realizar uma intervenção que criou algum burburinho no salão nobre do edifício dos Paços do Concelho. A munícipe, que foi a primeira subscritora de um abaixo-assinado, com 140 assinaturas, entregue à mesa da assembleia a contestar as obras no centro da vila, não deixou créditos por mãos alheias e criticou a actual gestão autárquica que tem prejudicado o desenvolvimento do concelho com impactos maiores, na sua opinião, na vila-sede.
A munícipe começou por clarificar: “o abaixo-assinado entregue na última assembleia foi assinado por 140 pessoas, metade das que gostariam de ter assinado, mas que não o fizeram com medo de represálias. As obras que têm sido feitas são irrelevantes e têm tido consequências. Há pessoas que tiveram problemas físicos por causa das obras”, disse. Emília Infante Pedroso, que foi casada com o cantor e autor José Cid, com quem tem uma filha, continuou deixando algumas questões à mesa. “Tanto se falou em educação e investimento escolar, da preparação dos jovens para um futuro melhor, e agora pergunto: que futuro oferece a vila da Chamusca para esses jovens?”.
Ao contrário do que é habitual, não foi o presidente da câmara, Paulo Queimado (PS), a responder às questões da munícipe, mas sim Joaquim José Garrido (PS), presidente da assembleia municipal. Num discurso algo fora de contexto, em certos momentos a roçar a demagogia, Joaquim José Garrido falou das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e do seu primeiro emprego numa gráfica. “Filho de pedreiro ia ser pedreiro, filho de tipógrafo ia ser tipógrafo (…) como estamos hoje é uma grande vitória. Estes autarcas e este executivo está todos os dias com o povo. Claro que há lacunas (…) mas queremos todos melhorar”, disse, tecendo outras considerações.
Emília Infante Pedroso não deixou o autarca sem resposta, e retorquiu: “não respondeu à minha pergunta. Que futuro oferece a vila? Os jovens vão todos embora para longe. Favorece a vinda de empresas? Para que serve o mercado municipal que está despovoado? Há condições para os jovens que terminam os estudos? Há condições para a vila reter os jovens em quem investiu tanto dinheiro. Não há essas condições”, sublinhou.
Joaquim José Garrido usou novamente da palavra para dizer que os jovens não ficam na vila desde a década de 60 do século passado. “Penso que está respondido”, disse o autarca. “Não está porque a vila da Chamusca cada vez morre mais. Venho para a Chamusca desde que sou criança com a minha família. Via mais progresso nessa altura do que agora”, rematou Emília Infante Pedroso.