Opinião | 17-01-2024 21:00

A enternecedora harmonia entre bombeiros e médicos e a canábis que se esfumou sem dar vontade de rir

Emails do outro mundo

Acutilante Manuel Serra d’Aire

Acutilante Manuel Serra d’Aire
A administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo tinha anunciado em meados de Dezembro que não estava programado que a maternidade de Abrantes encerrasse até ao final do ano – ao contrário do que sucedeu com muitas outras por esse país – mas as ironias do destino trocaram-lhe as voltas. Precisamente na tarde do último dia do ano, um incêndio com origem num equipamento informático deixou a maternidade fora de jogo durante um par de dias. Falei em ironia do destino, mas como o episódio envolve equipamento informático não me admirava nada que se tratasse de um acto de sabotagem da famigerada inteligência artificial, só para desdenhar dos humanos que se atrevem a fazer previsões (ainda que a curto prazo) sobre o funcionamento de um hospital em Portugal. Pelos vistos, isso é mesmo brincar com o fogo...
Essa misteriosa e imprevista ocorrência na maternidade de Abrantes esteve quase a impedir que houvesse bebé do ano no Médio Tejo mas, felizmente, os bombeiros estão cá para isso e a menina que recebeu esse honroso título nasceu a bordo de uma ambulância na A23 na noite de Passagem de Ano. É enternecedora esta harmonia entre classes profissionais. Quando despontou o fogo na maternidade de Abrantes os profissionais de saúde extinguiram as chamas antes da chegada dos bombeiros; quando se deu o parto da bebé de Minde os bombeiros trataram de arranjar uma maternidade improvisada numa ambulância. Cá se fazem, cá se pagam, diria o povo na sua imensa sabedoria...
Há um par de anos começaram a chover pedidos de instalação de empresas de produção de canábis para fins medicinais. Não sei quantas entretanto se instalaram ou se foi moda efémera como as plantações de girassol, a caça aos pokémons ou os tamagotchis. O que sei é que a plantação de canábis que estava anunciada para Benavente, e que era a maior de todas elas, já deu o berro. Esfumou-se, melhor dizendo... A empresa prometia criar 600 postos de trabalho em Benavente mas foi à falência com uma dívida de oito milhões de euros, sem nunca ter comercializado o produto e deixando várias empresas a arder com milhares de euros. Porque será que toda esta história me faz recordar a série norte-americana Breaking Bad? E, até porque há canábis metida ao barulho, quem terá ficado a rir-se no meio de todo este enredo?
O Governo (sim, ainda existe!) assinou protocolos com uma carrada de municípios que visam a realização de obras em 451 escolas de todo o país. Obviamente, foram os caprichos do calendário que ditaram o agendamento da cerimónia para esta data pré-eleitoral. Quem é que ia adivinhar que uma maioria absoluta se dissolvia desta forma? E claro que também é detalhe despiciendo que o prazo para execução dessas obras se estenda até 2033. Ou seja, não é para já, vai-se fazendo quando se puder, se se chegar a fazer, como provavelmente irá acontecer nalguns casos. O que interessa é dar a percepção ao povo de que o país está (ou continua) a mexer. As eleições estão aí à porta e, como diz o povo, quem não sabe vender fecha a loja…
Saudações democráticas do
Serafim das Neves

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