Opinião | 18-01-2024 07:00

Portugal é o país das pessoas mais tristes do mundo

Portugal, o país da palavra saudade, é o lugar onde vivem as pessoas mais tristes do mundo, a confiar no que conhecemos, vemos e não podemos ignorar.

Sempre que a política se mete à minha frente e me rouba a possibilidade de ler um livro com atenção, ver um bom filme, conversar em casa sobre o que me interessa desabafar, desligo a televisão ou tiro-lhe o som. Foi o que fiz este fim-de-semana em que as televisões voltaram a preencher horas e horas de programação a custo zero, já que os actores foram os políticos do Chega, reunidos em Congresso. Foi assim também quando reuniu o PS e elegeu o seu novo timoneiro. Para quem não sabe quanto custa produzir uma hora de televisão, imaginemos o que poupam as empresas quando têm o espectáculo da política para produzirem, sem terem que pagar a actores, realizadores, maquilhadores, aluguer de instalações, enfim, um nunca mais acabar de despesas que fazem da televisão a máquina mais cara do mundo, mas que elege presidentes da República.


As condenações que saíram do Tribunal de Santarém para os envolvidos no acidente da artista Sara Carreira fariam corar de vergonha os responsáveis pela Justiça, se houvesse quem respondesse pelo que se passa nos tribunais portugueses. Um condutor com excesso de álcool no sangue, a conduzir a uma velocidade abaixo do permitido na auto-estrada, provocou um acidente que resultou numa tragédia. Os envolvidos no acidente (provocado por uma pessoa irresponsável, sem estar no seu perfeito juízo), que podiam ter morrido como aconteceu a Sara Carreira, sobreviveram para irem a tribunal e serem condenados a uma pena quase comparada à do condutor irresponsável que provocou a tragédia. Uma vergonha. Os portugueses não merecem os políticos que temos e muito menos a Justiça que nos julga. É verdade que tudo funciona, e que podemos escrever “Aqui Del’Rei” sem sermos presos ou mortos na forca, mas pelo meio há muita gente que sofre, que é obrigada a viver medicamentada porque sem químicos não aguenta as injustiças do sistema político e judiciário.


A grande notícia desta semana foi a manchete do jornal Expresso: “30% dos jovens nascidos em Portugal vivem fora do país”. Li o artigo e apesar de me considerar uma pessoa bem informada estava longe desta realidade. É por isso que não há juízes suficientes para que a Justiça não seja controlada pelo poder político como acontece em muitos tribunais, onde o Administrativo é um bom e pornográfico exemplo; é por isso que não há médicos suficientes; é também por isso que a crise de professores, onde se formam os homens de amanhã, vai ser um drama para o futuro; é por isso que os cretinos sobem na hierarquia dos partidos políticos e facilmente seguem o exemplo de Vítor Escária, que, apesar de ser chefe de gabinete do primeiro ministro de Portugal, tinha mais dinheiro vivo no seu gabinete de trabalho que todas as dependências dos bancos em Santarém.


Portugal, o país da palavra saudade, é o lugar onde vivem as pessoas mais tristes do mundo, a confiar no que conhecemos, vemos e não podemos ignorar. No ano em que comemoramos meio século da revolução dos cravos, a Justiça (os funcionários dos tribunais), a Autoridade (a PSP, GNR e a ACT), o Ensino (os professores e os funcionários das escolas), a Saúde (os médicos e os enfermeiros), estão na rua a gritar protestando melhores condições para poderem trabalhar, para além de pedirem também melhores remunerações. Entretanto os políticos do regime, PS e PSD, deixam falir as instituições e desmotivam os trabalhadores do Estado, abrindo caminho a um novo Messias que promete eliminar a corrupção e o desvario em Portugal enquanto o Diabo esfrega um olho.
Se tivesse 20 ou 30 anos não hesitava e juntava-me aos 30% dos jovens que fugiram do país e dos políticos mentirosos e trapaceiros. JAE.

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