Um simplex para os deputados, estantes baratinhas para arrecadar subornos e o genial bestunto do eterno sindicalista
Afamado Serafim das Neves
Afamado Serafim das Neves
Graças ao teu último e-mail fiquei a saber alguma coisa sobre os candidatos por Santarém às eleições de 10 de Março, mas não retive nada para além do tal senhor de bigode aristocrático que mencionas e a tua dúvida sobre se saberá cantar o fado.
Concordo que ter bigode aristocrático e saber cantar o fado pode ser útil a um deputado, nomeadamente nos jantares parlamentares de convívio, mas o essencial continua a ser a capacidade de se levantarem na altura das votações, independentemente de terem comido ou bebido muito ao almoço. Isso sim, é a essência do deputadismo, digamos assim.
Nas sessões plenárias, como já explicaram vários ex-deputados, vota-se como o partido manda. É só estar atento ao chefe e fazer o que ele faz, sublinham aqueles especialistas. Claro que também há votações electrónicas e aí já é preciso carregar no botão certo. Mas é só aí. Nas votações em boletins de voto é só perguntar ao colega de bancada qual é o quadradinho para colocar a cruz.
Os textos das leis, pelo que vou lendo, são encomendados a gabinetes de advogados e outros especialistas, o que faz com que os deputados não sejam obrigados, felizmente, digo eu, a saber escrever aqueles artigos e alíneas todos.
E nas comissões parlamentares televisionadas há sempre a possibilidade do recurso a agências de comunicação e imagem para quem não quer fazer figura de urso. E isso não é diminuir a importância de ser deputado. É apenas para facilitar a nobre missão parlamentar. Pelo menos enquanto não alargam o tal Simplex à actividade, o que acabará por acontecer, se tudo correr bem.
Não tenho nenhuma estante daquelas que dão para guardar 75.800 euros, mas também não sei se o chefe de gabinete do António Costa tinha uma porque isso nunca é referido nas notícias. Pelo menos nas que eu li. Uma falha que diz bem do estado a que chegou o jornalismo. E depois admiram-se!!
Por falar em admiração, foi revelado que os professores dão, em média, mais de dois milhões de faltas por ano, mas que a maioria dos professores nunca falta ou raramente falta. Lá está a questão das médias.
A Federação Nacional de Professores disse logo que as conclusões do estudo estavam erradas. Ou seja, andou um grupo de cientistas a analisar as faltas dos docentes durante cinco anos e, em menos de meia hora, ficou-se a saber que não era bem assim. E ainda há quem ponha em dúvida a capacidade de alguns professores. Cambada de descrentes! Quem sabe, sabe, mesmo sem precisar de inúteis investigações.
Os sindicalistas, por estarem nos sindicatos, até são daqueles que faltam, mas não é isso que lhes faz minguar o bestunto. Que o diga o professor sindicalista ali de Tomar, chamado Mário Nogueira, que apesar de já não dar uma aula há décadas, arrasou o tal estudo. Se ele diz que aquilo está errado é porque está. E se ele disser que nunca deu uma falta, apesar de faltar todos os dias, isso também é verdade. E ai de quem duvidar!!
Saudações monetárias
Manuel Serra d’Aire