Opinião | 13-02-2024 21:00

Duas notas a reter: os eurodeputados existem mesmo e cortar o trânsito na ponte da Chamusca é chover no molhado

Emails do outro mundo

Impactante Manuel Serra d’Aire

Impactante Manuel Serra d’Aire
Os últimos tempos têm sido animados. Os protestos e manifestações contra o Governo fazem-me lembrar os concursos de misses. Todas as concorrentes procuram conquistar o júri com os seus atributos, tal como os manifestantes dos mais diversos sectores arranjam formas de luta mais ou menos originais para cativarem a opinião pública para as suas qualidades, nomeadamente causas e reivindicações.
Depois de médicos, enfermeiros, professores, funcionários dos tribunais e agentes das forças de segurança, chegou a vez dos agricultores. E foi o que se viu pelo país fora, com tractores e pick-ups a bloquearem estradas e até auto-estradas. Nalguns casos o protesto foi eficaz, mas no caso do Ribatejo a coisa não primou pela imaginação. Atrapalhar o trânsito na ponte da Chamusca, local que foi o epicentro dos protestos na nossa região, é o mesmo que chover no molhado ou despejar areia no deserto porque condicionamentos de trânsito na dita ponte são tão frequentes como as vezes que André Ventura vocifera a palavra ‘vergonha’. Talvez por isso o protesto dos agricultores na ponte da Chamusca tenha durado pouco. Se nos outros dias o trânsito engarrafa na mesma, por que carga de água haviam de estar ali a perder tempo com tanta coisa para fazer, terão pensado. Para a próxima lembrem-se que há mais pontes na região para aparecer nas notícias...
Os eurodeputados do PS andaram a passear pela zona ribeirinha da Póvoa de Santa Iria e o mundo ficou a saber disso através da publicação de elucidativas fotografias nas redes sociais que demonstram como aqueles políticos estão de bem com a vida e de como o Parlamento Europeu devia estar geminado com a bíblica terra do leite e do mel.
Confesso que quando vi as fotografias fiquei de pé atrás e julguei que talvez se tratasse de uma partida de Carnaval. Afinal de contas, nunca tinha visto um eurodeputado por estas bandas (nem tinha provas palpáveis de que existissem), quanto mais meia dúzia... E quando a esmola é grande, já diz o povo, o pobre desconfia. Mas afinal não! Eram mesmo eurodeputados e estavam aqui na terra, a respirar o mesmo ar que o comum dos mortais, garantiu-me um pescador da Póvoa que os viu e ainda tentou beliscá-los para se certificar que não eram espectros ou hologramas.
Mesmo assim só fiquei absolutamente convencido de que se tratava de exemplares dessa espécie política tão esquiva quando vi as fotografias dos ufanos eurodeputados no interior de um autocarro de primeira classe onde o rácio por lugar devia estar na ordem dos quatro para cada um. Para não haver apertos e misturas, claro está! E acho muito bem pois as espécies raras merecem tratamento especial. Já os habituais utilizadores dos transportes públicos no concelho de Vila Franca de Xira devem ter-se roído de inveja quando deram com os olhos nessa imagem, bem ilustrativa da proximidade entre eleitos e eleitores. Ponham os olhos neles e estudem, que um dia podem ser como eles…
Saudações carnavalescas do
Serafim da Neves

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