Opinião | 19-03-2024 12:06

Resultados 2024

O esquerdismo estrutural deste PS transformou-o num partido gémeo do BE. Tal evidência conduzirá, num futuro próximo, à canibalização desse mesmo Bloco pelo PS, convertendo-se este numa adaptação do grande sonho do Prof. Louçã para a esquerda portuguesa: o crescimento do seu BE dar-se-ia, mas dentro do “novo” PS. Afinal, uma barriga de aluguer, típica dos novos tempos, bem adequada ao género “woke”.

Os resultados das eleições de 10 de Março de 2024 só surpreenderam quem insistiu em negar a realidade. Apenas a votação equivocada no ADN pode ser considerada uma surpresa, mas mesmo esse caso resultou de um enorme amadorismo e ingenuidade por parte da AD.

Recordar que o grande motivo – sempre negado - da criação, pelo PCP, da coligação APU e depois CDU, foi precisamente a confusão da sua sigla e símbolo com os do PCTP/ MRPP. Lição que a AD agora aprendeu, mas com elevados custos eleitorais: deixou de ganhar três deputados.

O PS deveria analisar os seus resultados, entrelaçando-os com a dimensão sociológica dos seus votantes. Estudos demonstram que, em conjunto com o PCP, é o partido com os eleitores mais velhos e com menor percentagem de jovens.

Aliado a esse facto e descontando a questão NATO, o esquerdismo estrutural deste PS transformou-o num partido gémeo do Bloco de Esquerda - BE. Tal evidência conduzirá, num futuro próximo, à canibalização desse mesmo Bloco pelo PS, convertendo-se este numa adaptação do grande sonho do Prof. Louçã para a esquerda portuguesa: o crescimento do seu BE dar-se-ia, mas dentro do “novo” PS. Afinal, uma barriga de aluguer, típica dos novos tempos, bem adequada ao género “woke”.

Só que, desse modo, o PS perderá o centro, como já está a acontecer. O desaparecimento natural do seu eleitorado mais velho, apenas irá ser compensado por uma juventude urbana caviar, que o encostará cada vez mais aos idos - mas ainda e sempre marxistas - “amanhãs que cantam”, agora travestidos de putativas modernidades, mas que já fazem parte dos esqueletos da história.

Por seu lado, o PSD, com inteligência, poderá mesmo ter um governo para mais de 2 anos. Se souber ganhar o centro, transformar-se-á no partido charneira da democracia portuguesa, com um Chega radical e extremista de um lado e com um PS radical e extremista do outro.

Em Outubro, quem chumbar o orçamento para 2025 será fortemente penalizado, não obstante alguns “comentadeiros” encomendados se esforçarem a opinar o contrário. Quem esticar o “bluff” e não conseguir recuar no momento da votação, poderá desaparecer do mapa nas eleições seguintes. Acresce que com eleições presidenciais em Janeiro de 2026, a partir de meados de 2025 não se poderá dissolver a Assembleia da República.

Já o Chega representa um voto que veio para ficar e que é tão válido como qualquer outro. Em democracia não existem votantes de primeira e votantes de segunda. As trincheiras abertas pela esquerda radical e pelo PS, são estúpidas e não conduzem a lado nenhum.

Nos 50 anos do 25 de Abril, ainda parece que para alguns só existe democracia quando ganham. A democracia não é propriedade de nenhuma pseudo intelectualidade esquerdista. A democracia e o 25 de Abril são do povo. De todos, todos, todos!

Se querem combater democraticamente o Chega, resolvam os problemas que mais de um milhão de portugueses identificaram: a imigração desregulada e a percepção de uma corrupção descontrolada.

O sagaz discurso do Dr. Passos Coelho no Algarve pretendeu, pedagógica e pacientemente, demonstrar como encostar o Chega às cordas: identificando aqueles problemas com frontalidade, mas propondo depois soluções diferentes. O Dr. Passos assinalou, sapientemente, qual o único caminho a seguir. Quem o criticou deveria agora morder a língua. Sonsos.

Uma última minudência: os resultados pressagiam que nas próximas autárquicas vai surgir uma terceira candidatura com condições de ganhar o Município de Santarém. Sim, a do Chega.

Riam-se, riam-se e arriscam-se a ter mais uma surpresa...

P.N.Pimenta Braz

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