A água de lavar rabinhos de cenouras bebé, a dupla de demolidores da Nersant e os inaladores para doenças respiratórias da Tabaqueira
Ventilado Serafim das Neves
Ventilado Serafim das Neves
A unidade industrial que iria tratar e embalar cenouras bebé em Almeirim, uma espécie de maternidade de cenouras, ou berçário industrial de cenouras, como queiras, foi anunciada há sete anos, mas nunca foi feita. E há 14 ou 15 anos, também era para nascer, naquele concelho, uma mega prisão, que acabou por não nascer.
No caso das cenourinhas, até se chegou a dizer que um dos investidores era o Cristiano Ronaldo, mas nem assim a coisa arrebitou. No caso da mega prisão a ideia nasceu antes do tempo. Um nascimento prematuro, por assim dizer.
Em 2009 ainda não tinha aparecido um partido a prometer mandar para a prisão todos os políticos de Portugal...e arredores. Quem ficou a ganhar foram os sobreiros de uma tal Herdade dos Gagos, que acabaram por não ser arrancados. Foi a vitória dos chaparros!!
Juntando a estes casos o da construção do troço do IC3 entre Almeirim e a A23, na Atalaia, que também se perdeu no nevoeiro do tempo, apesar de ser uma obra prometida e reprometida por quase todos os ministros, secretários de estado e deputados dos últimos cinco ou seis governos, temos já matéria suficiente para uma série policial.
Um outro assunto que também pode dar uma série é o da associação empresarial Nersant. Depois do presidente buldozer, chamemos-lhe assim, Domingos Chambel, entrou para dar continuidade ao seu trabalho, um arrasador Pedroso Leal, indo o antecessor para a assembleia-geral.
Há quem diga que com esta demolidora equipa não vai ficar pedra sobre pedra. A tal ideia de limpeza total, de que tanto se tem falado na política, estende-se agora ao associativismo empresarial da região.
E fica-se a perceber melhor porque é que os jornalistas e administradores de O MIRANTE são impedidos de entrar em iniciativas da Nersant. Como aquilo está a desabar querem protegê-los, só pode. Preocupação deveras enternecedora...chuuiiff...chuuuiiiff.
A despesa com medicamentos, nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, aumentou quase mil milhões de euros em 11 anos. É uma subida de 92%, o que prova que há cada vez mais cidadãos a precisarem de tratamento. A nossa sorte é ainda haver pessoas como os senhores Domingos Chambel e Pedroso Leal, que estão em grande forma.
Por falar em questões de saúde, a Phillip Morris, a que pertence a nossa Tabaqueira Nacional, deixou de vender apenas tabaco e passou a vender também inaladores para doenças respiratórias. Digamos, de uma forma simplista, que vende a doença e a cura ao mesmo tempo.
Termino com mais uma notícia bombástica. O sistema integrado de gestão e avaliação do desempenho na administração pública foi alterado, no último minuto do governo Costa. A partir de agora vai haver mais trabalhadores bons e muito bons e também mais excelentes.
Eu explico. Antes, mesmo que todos os trabalhadores de um serviço fossem bons e muito bons, as chefias tinham que declarar que 75% não eram grande coisa, mas agora só precisam de fazer a maldade a 70%. E podem classificar 10% como excelentes, quando antes só podiam dar tal avaliação a 5%. Pelo que percebi a única coisa que se mantém é a possibilidade de classificar todos os trabalhadores (100%)... com a nota mínima.
Um abraço de nível máximo
Manuel Serra d’Aire