Como é possível dar importância às eleições europeias se o Dia da Europa só é feriado no Luxemburgo?
Hedonista Serafim das Neves
Hedonista Serafim das Neves
O aumento de feriados em Portugal, a par da invasão da Ucrânia pela Rússia, foi um dos assuntos que andou mais arredado da campanha eleitoral para as legislativas de 10 de Março. Uma falha deprimente para eleitores como nós, que há anos andamos a tentar colocar o aumento dos feriados no topo da agenda política, digamos assim.
Para muitos deputados, que só trabalham de terça-feira a quinta-feira, adoptando a semana de três dias ainda antes da tão badalada semana de trabalho de quatro, é natural que a questão do aumento de feriados não lhes diga nada. Mas para a maioria dos eleitores trata-se de algo fundamental, a par do aumento dos dias de férias ou da criação de um décimo quinto mês de ordenado.
Em Portugal há 12 feriados, excepto para os funcionários públicos que são 13, por causa da terça-feira de Carnaval. É uma desigualdade anti-constitucional que só não é resolvida pelo Tribunal Constitucional porque não lhe chamam feriado mas sim. Tolerância de Ponto. E muitas outras tolerâncias de ponto têm aqueles nossos concidadãos.
A nível da Europa somos dos países com menos feriados, o que pode explicar o crescente absentismo e aumento de greves, nomeadamente às sextas e segundas-feiras. A introdução da possibilidade de, duas vezes por ano, podermos meter três dias de baixa, veio dar uma tímida resposta à nossa necessidade de descansar. Mas esses dias não são pagos como acontece nos feriados. Uma falha indesculpável!
Está a começar a campanha eleitoral das eleições para o Parlamento Europeu. Espero bem que, a bem do aumento de participação dos eleitores, os candidatos acordem para esta realidade. Um primeiro passo poderia ser a criação de um feriado no dia da Europa, 9 de Maio. Pelo que sei, só no Luxemburgo é que é feriado. Se o Parlamento Europeu não dá importância ao Dia da Europa, como quer que os cidadãos o façam.
E com tantas directivas e decisões sobre tudo e mais alguma coisa, será que a União Europeia não consegue aprovar uma como a que vigora em alguns países, de os feriados que calham aos sábado e domingos serem gozados à segunda-feira? Na Alemanha e noutros países europeus isso já acontece. Na Ucrânia que tem um processo de pré-adesão aprovado, também.
Depois de escrever este e-mail acho que fico a precisar de um feriado, mas antes de terminar quero fazer uma referência aos deputados do Chega, que querem que o 25 de Novembro passe a ser feriado. Não quero saber os motivos deles, mas apoio. Assim como apoio qualquer outro feriado. Eu e todos os outros portugueses que não deixam de gozar feriados, mesmo que não saibam porque é feriado, ou não concordem com a importância das datas.
Os ateus gozam os feriados religiosos com tanto ou mais entusiasmo que os crentes. Os saudosistas da ditadura deliciam-se com os feriados do 25 de Abril e do 1 de Maio. Os monárquicos aproveitam o feriado de 5 de Outubro que, já agora, para quem não saiba, celebra a implantação da República.
Saudações feriadísticas
Manuel Serra d’Aire