Opinião | 22-05-2024 21:00

Não se deve brincar aos aeroportos nem com os ócios do ofício num país que vive do turismo

Emails do outro mundo

Afamado Manuel Serra d’Aire

Afamado Manuel Serra d’Aire

Conta com a minha total solidariedade em relação aos feriados. Também sou dos que defendem que temos mais fama do que proveito quanto ao número de feriados que gozamos e não me esqueço da azia que o Passos Coelho me causou quando o então primeiro-ministro nos roubou provisoriamente alguns dias de descanso durante a estadia da troika, para mostrar a quem nos emprestou dinheiro que aqui não se brinca em serviço. É por isso que também concordo que sejam instituídos feriados no Dia da Europa, no 25 de Novembro (finalmente concordo com o Chega), no 11 de Março, no 28 de Setembro, no 13 de Maio, no dia do meu aniversário e sempre que o Sporting seja campeão.
Quem descortina nesta opinião um crime lesa-pátria ou uma expressão de pouca vontade de vergar a mola está a avaliar mal as coisas. É precisamente o contrário. Somos um país que vive sobretudo do turismo, há milhares e milhares de empregos nesse sector, por isso quanto mais tempo tivermos livre mais podemos andar na rambóia, a viajar, a comer fora, a beber copos em esplanadas e bares, a assistir a espectáculos e a participar em eventos. E tudo isso se traduz em números, em riqueza. Salazar dizia que beber vinho era dar de comer a um milhão de portugueses. Hoje, já não é só o beber vinho, cerveja ou outro líquido qualquer. Hoje é também comer, passear, dormir e tudo o que se pode fazer de bom nos tempos livres. Tudo isso dá de comer a um milhão (ou mais) de portugueses. Por isso, não se deve brincar com os ócios do ofício.
Quem também devia instituir um novo feriado é o município de Benavente, depois de ter sido anunciado o Campo de Tiro da Força Aérea, na freguesia de Samora Correia, como local para construir o novo aeroporto de Lisboa. Foi no dia 14 de Maio que o primeiro-ministro Luís Montenegro teve essa visão e a anunciou ao mundo e eu, se fosse o presidente da Câmara de Benavente, celebrava já essa data no próximo ano com um feriado municipal e uma romaria ao campo de tiro onde vaticinam que a obra vai nascer. Se o aeroporto nunca chegar a aterrar por aquelas bandas, pelo menos ficam com mais um dia-santo para festejar; um brinde no calendário que os autarcas da Ota ou do Montijo não souberam noutros tempos precaver, quando também figuraram como putativas localizações para o tal aeroporto.
Com menos razões para sorrir deveria estar o presidente da Câmara de Santarém, pois a localização do aeroporto no seu concelho parece ter sido descartada pelo Governo. No entanto, manda a sabedoria, a memória e o bom senso que não atire já a toalha ao chão. Nem ele nem ninguém neste país. Entre o descolar e o aterrar vai uma longa distância e este atribulado voo de longo curso do novo aeroporto já se despenhou várias vezes. Se cair mais uma vez alguém vai ficar surpreendido?
Saudações aeronáuticas do
Serafim das Neves

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