Um fogo tão real que pegou fogo e a euforia das novidades num país imutável
Egrégio Manuel Serra d’Aire
Egrégio Manuel Serra d’Aire
Há quem diga que as nossas Forças Armadas, actualmente, são quase um verbo de encher, com falta de soldados e armamento a caminhar para o obsoleto, mas na passada semana tivemos sinais de que as coisas, afinal, não são bem assim e que essas considerações são manifestamente exageradas. No Campo Militar de Santa Margarida, em Constância, houve um exercício com fogo real e as operações foram tão realistas e levadas a sério que o tiroteio causou um incêndio numa zona de mato, felizmente sem danos humanos, até porque não havia inimigos para tratar da saúde. Foi um autêntico “preparar, apontar…fogo!”. E com isso também os soldados da paz tiveram a oportunidade de fazer uma perninha no exercício e prepararem-se para um eventual cenário de guerra.
Perante a entrada de leão do novo Governo, com anúncios de obras e localizações que já se esperavam, nalguns casos, há meio século, fiquei convencido de que algo tinha efectivamente mudado neste país e que tínhamos um regimento de milagreiros em São Bento. Apesar de serem só castelos no ar, parece que é desta que vamos ter um novo aeroporto, o comboio de alta velocidade e uma nova travessia sobre o Tejo na zona da Chamusca... perdão, na zona de Lisboa.
Andava eu feliz da vida e convencido que algo tinha mesmo mudado quando resolvi aproveitar esta onda de felicidade e optimismo para marcar uma consulta com a minha médica de família (sim, eu sou daqueles sortudos que tem médico de família e juro que não meti cunhas). E a resposta do outro lado não podia ter sido melhor: sim, a minha médica ainda existe e, sim, tinham vaga para consulta... em Novembro que vem. Um autêntico jackpot! Afinal de contas são só seis meses de espera.
Passados dias entendi que devia fazer nova auscultação aos serviços públicos, para avaliar se já se notam mudanças na resposta ao povo contribuinte (e ao não contribuinte também). Decidi apanhar um comboio de Coimbra para Santarém, numa viagem de pouco mais de uma hora. E o que te posso dizer é que saí da cidade dos estudantes quase à hora que devia estar a chegar à capital do Ribatejo. Já vi pior e não me desiludiram. Aliás, das poucas vezes que a CP me enganou foi em situações em que quem estava atrasado era eu e o comboio partiu a horas. Para um tipo que reage mal a sobressaltos, ziguezagues, convulsões e mudanças vertiginosas de direcção o mínimo que posso dizer é que fiquei mais sossegado. Este continua a ser o velho Portugal que me habituei a conhecer.
Tive conhecimento que depois da polémica com a construção de um skate parque em Santarém, que fechou poucos dias depois de ser inaugurado, supostamente por razões de segurança, agora foi a vez de haver celeuma na Câmara de Tomar por causa de um equipamento do género e também relacionada com a construção. Está visto que não é só a modalidade que é radical e causa mossa a muita gente, pelos vistos o skate é arriscado e faz espalhar gente ao comprido até quando se trata apenas de questões de obras e papelada. Antes de se meterem em manobras, ponham os capacetes e joelheiras.
Aceita uma continência do
Serafim das Neves