Opinião | 31-07-2024 07:00

A operação da Festa dos Tabuleiros em território bolchevique, a PJ nos camarins e a saga da revisão dos PDM

Emails do outro mundo

Clarividente Manuel Serra d’Aire

Clarividente Manuel Serra d’Aire
Há umas semanas houve rebuliço em Tomar porque o mordomo da Festas dos Tabuleiros quis organizar uma saída de coroas sem ser em ano de festa, que é de 4 em 4 anos, e os mais puristas armaram um escarcéu que levou o homem a recuar nas intenções. A festa é quando o povo quer, porque o povo é quem mais ordena! Faz assim todo o sentido que na próxima Festa do Avante, organizada pelo PCP (o partido do povo), a Festa dos Tabuleiros vá estar em destaque no Espaço Central da Festa do Avante, com uma exposição elaborada em parceria com a Câmara de Tomar e a Comissão Central da Festa dos Tabuleiros.
“Do povo para o povo” é o lema da exposição, estando ainda prevista a realização de um desfile com tabuleiros, que aparentemente ainda não sofreu contestação de monta. Tendo em conta que a Festa dos Tabuleiros é de matriz religiosa e de tributo ao divino Espírito Santo (não o clã do malfadado banco, ressalve-se), será esta incursão na Festa do Avante uma última tentativa da Igreja para converter os comunistas que restam, depois de Nossa Senhora de Fátima ter ajudado a acabar com os bolcheviques na Rússia?
O Plano Director Municipal de Santarém (PDM) está em processo de revisão desde o início deste século, portanto há mais de duas décadas. E como esse há outros. Obviamente, se o mundo muda muito em 15 dias, imagine-se em vinte anos. Quando começou a revisão dos PDM ainda não estavam massificadas as redes sociais nem a digitalização das resmas de papelada, o Eusébio e a Amália ainda estavam entre nós, o Cristiano Ronaldo ainda não jogava na selecção A e a Câmara de Santarém era governada pelo PS. Perante tanta evidência, já era tempo de se criar a associação de municípios emaranhados nas teias da burocracia estatal urdidas nos gabinetes de Lisboa.
Um artista que tem fama de marcar concertos para a mesma data e hora em locais diferentes e por vezes separados por centenas de quilómetros foi detido no camarim das Festas do Porto Alto pouco antes do espectáculo em que seria protagonista. E, assim, lá ficou mais uma plateia sem o prometido espectáculo. Alguns artistas são conhecidos por fazerem exigências mais ou menos extravagantes à organização, que vão desde fruta, vinhos ou toalhas brancas nos camarins, até outras coisas menos recomendáveis. Mas a presença de agentes da PJ nos bastidores não é habitual nem costuma ser pedida, pelo que o rapaz nada deve ter a ver com essa situação. Sendo assim, desta vez não podem imputar ao jovem Miguel Bravo a responsabilidade de se ter baldado ao espectáculo no Porto Alto.
Há quem já vaticine que esta detenção pode ser o fim da carreira do jovem artista, mas penso que essa é uma conclusão precipitada. Basta recordar a quantidade de famosos detidos, por exemplo, nos mundos da política e do futebol, que continuaram bem sucedidos nas suas actividades sem que nada lhes acontecesse depois. Aliás, a detenção e a constituição como arguido um dia destes passa a constar como mais-valia no currículo. Até nós já tivemos a honraria de ser arguidos e cá nos vamos aguentando, embora não tivéssemos sido detidos nem tenhamos jeito para cantorias.
Um caloroso abraço do
Serafim das Neves

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