Opinião | 02-10-2024 21:00

Donas de casa em chamas, os Palma Cavalões da ironia e a inestimável imutabilidade de quem mete livros em cabines telefónicas

Emails do outro mundo

Substancial Serafim das Neves

Substancial Serafim das Neves
De cada vez que os nossos governantes prometem acabar com os fogos florestais e ordenar a floresta, é certo e sabido que só mesmo os crentes de cada uma das nossas religiões partidárias, acreditam em tais promessas. O resto do pessoal, limita-se a sorrir e a evitar idas ao campo.
Ateu empedernido de tais crenças, sou dos que se tentam proteger, de declarações políticas, telejornais e noticiários televisivos incendiários, em geral. Em matéria de fogos só vejo séries como ‘Chicago Fire’ ou ‘Fire Country’, e um ou outro filme do tipo, Agarra-me a Mangueira ou Dona de Casa em Chamas, quando me dá para o refinamento intelectual, digamos assim. Mas sempre de capacete... não vá o diabo tecê-las.
Não culpo os políticos, coitados, porque se limitam a cumprir as tradições. E as tradições, nomeadamente as boas tradições, como a de dizer disparates e esturricar dinheiro dos contribuintes em comissões e sistemas de prevenções, enquanto bombeiros e populares assam e repórteres esbracejam e urram, têm muita força na nossa linda terra.
Quando dizes, como no teu último escrito, que está tudo na mesma como a lesma, não fazes mais do que enaltecer, de forma sublime, esse nosso apego à mui estável e estimável imutabilidade.
Já agora, aquela história que contas, de terem roubado os livros que a Junta de Vila Franca de Xira colocou à disposição do povo num jardim da cidade, dentro de uma antiga cabine telefónica reconvertida, é fantástica.
Será que os senhores autarcas acreditam mesmo, que ainda há quem vá para o jardim sentar-se a ler um livro que encontrou num equipamento do século passado chamado cabine telefónica?? A sério??!!! É verdade que há quem acredite em coisas bem mais espantosas, mas mesmo assim...
Alguém da Associação José Afonso, leu um dos meus e-mails e enviou-o à Comissão Para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial com a indicação que se tratava de um texto de teor racista. E esta chutou-o, digamos assim, para a Entidade Reguladora Para a Comunicação Social (ERC) que lá teve que explicar àquela activística rapaziada, o que é a figura retórica da ironia, que nós praticamos há décadas nestes nossos escritos.
Deve haver por aquelas tertúlias, quem afirme regularmente, nomeadamente nas leves e patetas entrevistas estivais, que o seu escritor preferido é o Eça de Queirós. E sendo o Eça um príncipe das ironias, bem gostava eu de saber o que tais bestuntos perceberiam dos seus livros... se os tivessem lido, claro.
Muitas bengaladas levariam no coco, se o escritor ainda se passeasse por Lisboa. E só se perderiam as que caíssem no chão. Cambada de Dâmasos Salcede, Sousas Neto e Palmas Cavalões.
Quanto aos da Associação José Afonso, o que será que eles pensam que estão a cantar, quando cantam alguma das suas cantigas mais irónicas?!! Por mim, só me apetece sair daqui a cantar:
“Nefretite não tinha papeira/ Tuthankamon apetite/Já minha avó me dizia/Olha que a sopa arrefece”. Ou, mais à frente, porque estamos no Ribatejo, claro: “Manel era o rei do fandango/ Do fandanguinho picado/Maria se fores ao baile/ Leva o casaco castanho”.
Um abraço quebra costas
Manuel Serra d’Aire

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