Abandonar reuniões de câmara; para que serve?
É notícia um vereador da oposição abandonar uma reunião de câmara em protesto contra o presidente por discordar da forma como ele dirige a reunião?
É notícia um vereador da oposição abandonar uma reunião de câmara em protesto contra o presidente por discordar da forma como ele dirige a reunião? Sim, é notícia, mas não é caso para escrever que a oposição está em alta em Abrantes só porque não aceita os critérios do presidente da câmara quando este dirige a ordem de trabalhos. Manuel Valamatos já demonstrou que é um político de sangue quente, que está ali para dar luta mesmo sabendo que a oposição tem o seu espaço e o seu direito a fazer política. Mas ele é o líder da autarquia e está na posição que o obriga a conduzir os trabalhos da reunião. Se não os conduz como a oposição quer, eles abandonam a reunião. Ora isto não é respeitar os cidadãos que votam nos políticos da oposição. Os políticos da oposição têm de estar preparados para fazer oposição e não para abandonarem as reuniões por dá cá aquela palha, que o mesmo é dizer por não falarem quando querem e o tempo que querem. Mais ainda: o presidente tem o direito de protestar contra insinuações de que não gosta e os vereadores têm o direito de as manterem ou até de as enfeitarem ou renovarem à boa maneira dos tempos em que a política era uma actividade que obrigava a puxar da caneta e dos apontamentos e não uma discussão à moda das antigas varinas da Nazaré.
Sangue quente do presidente da Câmara de Abrantes desmotiva vereadores da oposição
Ânimos exaltados entre o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Valamatos, e o vereador da oposição Vítor Moura levaram este a abandonar a reunião, acusando o autarca socialista de ser um ditador.
Voltou a estalar o verniz entre o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Valamatos (PS) e o vereador do PSD, Vítor Moura. Na última reunião do executivo, o vereador do movimento AlternativaCOM, Vasco Damas, voltou a questionar o presidente sobre a colocação de alunos na Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes e sobre a residência de estudantes no concelho. Vítor Moura saiu em defesa de Vasco Damas afirmando que o município iria gastar 2,6 milhões numa obra para “deitar 54 estudantes”.
A expressão usada pelo vereador social-democrata já havia sido repreendida por Manuel Valamatos, em reuniões anteriores, voltando o autarca socialista a demonstrar o seu desagrado pelo termo escolhido. “Essa é que é a questão. Nós não deitamos alunos! O senhor não volta a utilizar essa linguagem numa reunião camarária. Todos os nossos alunos merecem muito respeito e esse é o termo que tem usado sempre aqui e é incorrecto. Não vamos deitar ninguém, vamos dar condições aos nossos alunos. Essa linguagem não faz sentido nenhum”, afirmou o presidente.
A discussão iria subir de tom ainda mais, depois de o vereador Luís Dias (PS) ter questionado Vítor Moura sobre se a posição de desagrado adoptada pelo vereador, face à Feira Nacional de Doçaria Tradicional, era partilhada pelo PSD. “Tem desmerecido, constantemente, a importância da feira que é um evento que traz muita notoriedade ao território, fortalece a actividade económica e dos vendedores e produtores locais, sendo decisiva para a notoriedade de Abrantes, a minha questão é se o PSD partilha da sua visão, enquanto vereador eleito pelo partido, e se assume declaradamente contra a feira?”, questionou Luís Dias.
No entanto, o vereador não obteve resposta, uma vez que Manuel Valamatos pretendeu iniciar a ordem de trabalhos, impedindo Vítor Moura de responder. “O senhor terá oportunidade de intervir durante a ordem de trabalhos. Neste momento, esgotou o seu tempo de intervenção”, explicou o presidente, para desagrado de Vítor Moura que acusou o presidente de ser um ditador. “Não é quando tivermos a falar de uma obra que vou responder ao vereador Luís Dias a propósito da Feira Nacional da Doçaria Tradicional. O senhor não é democrata, é um ditador! E eu, simbolicamente e por respeito a todos os que votam no concelho de Abrantes, vou-me ausentar da reunião. Não sei lidar com ditadores”, rematou Vítor Moura, abandonando a reunião.