As excitantes reuniões de câmara ribatejanas com cenas eventualmente chocantes
Clarividente Manuel Serra d’Aire
Clarividente Manuel Serra d’Aire
O mundo está em guerra e os conflitos alastram como fogo em mato seco. É no Médio Oriente, é na Ucrânia, é no Sudão e agora também em vários municípios ribatejanos. Há inclusivamente imagens chocantes, com vítimas decapitadas e tenebrosas camisas negras que nos remetem, mesmo que inopinadamente, para a ascensão do fascismo de Mussolini. É o horror, o drama, a tragédia. Nas reuniões de câmara a coisa chegou a tal ponto que é frequente ouvirem-se os vereadores da oposição a rotular de ditadores os presidentes.
Basta dizer-se qualquer coisa em tom mais assertivo ou assumir uma postura mais inflexível que se é logo apodado de Adolfo ou Benito de trazer por casa. Foi o que aconteceu ao presidente da Câmara de Abrantes, quando um vereador do PSD lhe chamou ditador antes de se levantar e zarpar da reunião. Um episódio que, desde logo, contraria a argumentação do acusador de forma flagrante. Se o socialista Manuel Valamatos fosse um ditador, depois desse desaforo não deixava o protestante ir descansadinho à sua vida. No mínimo, mandava-o recolher por uns dias às masmorras do castelo e aplicava-lhe umas chibatadas para que aprendesse a dobrar a língua e a não se levantar da mesa sem autorização.
Outro socialista, Jorge Faria, também foi acusado pela oposição de censura e autoritarismo na Câmara do Entroncamento. E também aí tentaram fazer alarde da falta de habilidade de Faria para o exercício das funções. Até lhe chamaram “aprendiz de ditador”, numa óbvia tentativa de apoucar a sua liderança. E a verdade é que também Faria tem muito que aprender e praticar para merecer o rótulo de ditador. Que espécie de líder censor e autoritário permite que a oposição possa chamar-lhe tudo e mais alguma coisa e faça eco disso aos quatro ventos? Que ditador, por mais aselha que seja, deixa que a oposição lhe chumbe propostas que põem em causa investimentos de milhões, sem aplicar a lei do quero, posso e mando? Há aqui um lapso de vocabulário e uma evidência óbvia: as oposições estão cada vez mais queixinhas.
E que dizer da vereadora do Chega na Câmara de Azambuja, que até há quatro anos era presidente de junta socialista, que se sentiu insultada por o presidente da câmara lhe ter dito, numa reunião do executivo, para se acalmar pois estava com uma excitação terrível. A dita vereadora, que se chama Inês Louro, vislumbrou no adjectivo conotações sexuais e abandonou a sala (isto agora está na moda) em sinal de protesto. O presidente - que se chama Silvino Lúcio e não é pessoa muito letrada, é verdade, mas conhece o significado básico das palavras - recomendou à vereadora que fosse ao dicionário ver o que significa a palavra excitação. Inquietação, lubricidade, movimentação, aflição, desassossego, efervescência, exaltação, formigueiro e frenesi são alguns os sinónimos para excitação. Provavelmente nada disso teria acontecido se o presidente tivesse dito que a vereadora estava com um formigueiro terrível. E assim poupava-se uma cena eventualmente chocante.
Saudações libertárias do
Serafim das Neves