O surfista fenomenal que ficou sem ondas e as americanices que dão maus resultados
Industrioso Manuel Serra d’Aire
Industrioso Manuel Serra d’Aire
Os showcooking, os media partners, os stakeholders, os partners e companhia andam por aí à solta, numa cavalgada desenfreada por este mundo de big brothers em que quase toda a gente gosta de ver e de ser visto, lido e ouvido. Não é de agora, é verdade. O exibicionismo e o narcisismo são mais antigos do que o marxismo e o capitalismo, e também do que o provincianismo da tribo elitista que se quer demarcar da maralha menosprezando a língua materna e recorrendo por dá cá aquela palha aos anglicismos que estão na moda, como há um século estavam os galicismos.
E se há vocábulo anglófono que entrou de rompante no nosso imaginário e no nosso calendário foi o Halloween. Os celtas estavam longe imaginar que estavam a inventar uma festividade que muitos séculos depois se tornaria global e que, com o habitual atraso, chegou também a este país em forma de caixão. E que melhor formato pode ter um país para celebrar o Halloween moderno ligado ao macabro, o chamado Dia das Bruxas, do que um país em forma de ataúde? Mas, como escreveu um poeta que até tem o apelido Alegre, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não.
Foi o caso da direcção do Agrupamento de Escolas de Azambuja que deixou as coisas clarinhas como a água (neste caso benta): nas suas escolas estavam proibidos os disfarces alusivos ao chamado Dia das Bruxas. As razões da direcção do Agrupamento de Escolas de Azambuja não foram explicadas, mas tendo em conta o que se passou há poucas semanas numa escola de Azambuja é compreensível e muito razoável que todos, por ali, estejam fartos de modas importadas dos States.
Modas dos States que, aliás, devem ter inspirado também os dois alunos de Salvaterra de Magos que levaram para a escola uma arma de airsoft, uma réplica quase perfeita de uma arma de fogo, mas que tem como munições bolinhas de plástico. Como ainda não se estava em época de Halloween nem de Carnaval (em que, supostamente, nada parece mal), os jovens alunos foram suspensos pela escola, que demonstrou, tal como a de Azambuja, não estar para brincadeiras. Pode ser que tenham aprendido alguma coisa.
Ao ritmo da velhinha Balada de Hill Street, a PSP do Entroncamento deteve um jovem de 26 anos suspeito da autoria de, pelo menos, vinte furtos e roubos na cidade do Entroncamento nos últimos tempos. Se o senhor que deu notoriedade aos chamados fenómenos do Entroncamento ainda fosse vivo, dedicaria certamente uma entrada na sua colecção ao traquejado amigo do alheio pelo seu notável desempenho. Provavelmente, será este o ‘surfista’ que andou a cavalgar a tal onda de assaltos de que a população se tem queixado há uns tempos. Agora fica a estagiar, preventivamente, na cadeia, até que um juiz decida se pode pode voltar às ondas em breve, ou se fica por uns tempos em doca seca a ver o sol aos quadradinhos.
Um adeus português do
Serafim das Neves