Opinião | 12-11-2024 13:47

Coruche, um concelho lindo que não pode continuar a ser adiado

Coruche, um concelho lindo que não pode continuar a ser adiado

Coruche é um concelho adiado que perde população todos os anos, não investe em habitação, não promove os seus produtos e não aproveita as suas potencialidades.

É sempre um enorme gosto poder escrever sobre a minha terra, com a visibilidade que terá este artigo de opinião, tendo em conta a abrangência nacional de O MIRANTE a quem agradeço o convite e desafio.

Sou autarca há mais de 20 anos, no Concelho onde nasci, decidi viver, ter a minha casa, a minha família e os meus filhos, pelo que para mim Coruche é o Concelho mais lindo do mundo e é para onde regresso todos os dias.

Mas ser o mais lindo não é suficiente, tem de ser o mais competitivo, o mais moderno, o mais atrativo e aquele que proporciona o melhor bem estar e qualidade de vida, de forma a fixar as famílias, os jovens e garantir uma vida estável aos mais velhos, isto é, de forma a garantir o futuro.

E é aqui que falta muito, nos últimos 20 anos o município criou 0 (zero) habitação nova, aparentemente apenas por falta de vontade, pelo que a existente é muito cara, bem mais cara que em todos os Concelhos vizinhos; temos um parque industrial novo há 4 anos, mas às moscas porque não é devidamente promovido, ao contrário do que podemos ver em Almeirim ou Benavente; não existem incentivos ou apoios à fixação das famílias, os jovens quando saem para estudar já não voltam, pois nada é feito para lhes proporcionar boas condições de fixação, como o apoio ao empreendedorismo e criação dos seus próprios empregos, com cobertura inicial dos riscos (só para dar um exemplo).

Nos últimos 20 anos, a população diminuiu mais de 20%, sem que nada esteja a ser feito para inverter esta tendência, que é bem diferente de concelhos vizinhos, como Benavente, Cartaxo, Salvaterra de Magos e Almeirim, onde a população aumenta ou pelo menos não reduz, levando o Concelho ao 1° lugar do top dos que mais população perdem no distrito de Santarém, bem acima dos Concelhos mais distantes de Lisboa.

E por referir Lisboa, esta proximidade à área metropolitana, não tem sido capitalizada, apesar da riqueza natural do Concelho, da iniciativa privada estar a apostar no turismo de natureza, haverem iniciativas como a realização do festival de balonismo, a abertura das Quintas ao enoturismo e turismo rural, e a aposta cada vez maior da restauração nos pratos locais e oferta do local.

As nossas pessoas sabem e gostam de acolher, temos cada vez mais artesãos e empreendedores, somos muito calorosos e comunicativos, mas faltam os apoios e falta dar mais visibilidade a tudo isto que referi, e aí o município podia fazer a diferença, mas não faz, falta capacidade, falta conhecimento e falta vontade, quantos de nós nos deslocamos dezenas ou centenas de quilómetros para fazer uma refeição ou visitar um monumento, e isso só acontece porque a divulgação dos respectivos municípios é muito boa na venda do seu produto ou conceito, o que por cá não acontece de forma vigorosa e estratégica.

É fundamental promover as nossas tradições, o que temos de bom, a nossa ruralidade, a agricultura, o vinho, o mel, o pão caseiro, os enchidos, a ligação à terra e às nossas aldeias, o Folclore que é um dos nossos garantes das tradições mais antigas, e fazer em Coruche um Santuário do Cavalo Sorraia, que existe em concelhos como Alpiarça e Cascais, mas não no seu concelho de origem por falta de vontade e interesse.

Acredito no futuro, e penso que no Concelho de Coruche, liderado por quem ama esta terra, haverá futuro para todos, invertendo a tendência da perda de população e aumentando o seu dinamismo e vida, começando a ser um centro de atração em vez de continuarmos a ver partir os nossos amigos e vizinhos, por falta de oportunidades, pelo que declarações de responsáveis políticos a dizer que para o futuro do Concelho apenas antecipam uma necessidade, que é ver o seu partido a crescer e ainda mais poder, e que tudo o resto se mantenha igual, são motivo de enorme preocupação e um sinal dos perigos que nos esperam a todos se nada mudar no próximo ano.

Discordo totalmente dessa posição e de todas as mensagens que sejam no sentido da continuidade, é efetivamente necessário haver mudança (basta olhar para o Concelho do Cartaxo, o que cresceu e mudou nos últimos 3 anos, face ao passado), pois este fim de ciclo está a ser penoso para o Concelho, pelo que temos de pensar nas nossas pessoas e tomar decisões com coragem, defender o Concelho, reforçar o apoio ao associativo, promover um programa cultural arrojado e o nosso património (ao contrário da destruição promovida nos últimos anos), apoiar de forma pro-activa a prática do desporto e de mais desportos, promover o nosso Rio Sorraia para atividades todo o ano, e junto do poder central garantir que Coruche é novamente colocado no mapa, invertendo o esquecimento da última década, fruto de desprezo e afastamento do governo anterior à nossa realidade e à maioria que ainda governa o Concelho, trabalhando em parceria para tornar real a construção da Travessia do Sorraia, o reforço dos cuidados de saúde e a garantia de segurança às pessoas no dia a dia, nas suas casas, nas ruas, junto das escolas e no campo onde continuam a haver muitos roubos.

Coruche é um Concelho lindo que não pode continuar a ser adiado, pelo que todos teremos oportunidade, no próximo ano, de escolher entre duas vias, a continuidade que nos trouxe aqui ou o futuro que trará de volta a esperança, o desenvolvimento tão desejado, mas sobretudo quem teve de sair por falta de oportunidades na terra onde nasceu, onde tem os seus amigos e familiares, onde tem as suas raízes.

Eu acredito no futuro.

Francisco Gaspar
Deputado Municipal na Assembleia Municipal de Coruche
Presidente da Concelhia do PSD de Coruche

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